Geraldo Iglesias*

o céu negro me faz pensar na intranquilidade cerebral... como uma espécie de coma nem induzido nem natural, alguma coisa que venha de uma outra possibilidade, como uma casa dentro de outra, como no país das maravilhas (um filme que vi ontem)... na verdade fico pensando que não sou eu, que sou um reflexo do que vejo, das coisas que desfilam aos meus olhos e são transformadas em meu cérebro... uma pantomina, sopa de miscelâneas outras, coisas que misturam o meu ao inconsciente coletivo.
tratando melhor da coisa, troco correspondência com uma mulher que está longe e, meio bruxa, transforma palavras em sentimentos e devolve com a santa sexualidade o que era padrão num salto no escuro, uma explosão de gozo.
essa riqueza de conhecimentos mostra que não estamos mais sós em nenhuma situação... não tenho mais aquela velha preocupação em saber se somos os únicos no universo... me é indiferente porque os universos são múltiplos, curvos, finitos (ou não), mas estamos sendo monitorados por um deus eletrônico, satélite desgovernado que me fotografa fazendo xixi, dando pernada em velhinha e não sei o que mais... sou controlado sim, sei que estão me vendo independente de estarem lendo.... veja ao lado: tem uma câmera te observando, gravando cada passo, cada pensamento porque os pensamentos nos foram roubados...
estou no rio ou em barcelona, em macaé ou em istambul? onde estamos, afinal?