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12/04/2007


Cinco e meia....
BOM DIA, VIETNÃ!
já disse que gosto de ver o dia amanhecer. aliás, gosto muito mais do dia do que da noite.
é a hora do café preto quentinho, do silêncio, o momento em que os despertadores de todo mundo estão prestes a tocar, que as pessoas em suas camas, começam a se mexer, já meio preocupadas com seus horários. hora que todo mundo é igual, lavando o rosto, escovando os dentes, lendo jornal.

fico pensando que existem alguns momentos em que a vida é rigorosamente igual para todo mundo, hora de convergência, quando todos procuram lembrar o que sonharam, o que farão nas próximas horas, quais os desafios que estão ali, para serem superados. muitas vezes o mesmo desafio aparece todos os dias e vamos postergando para amanhã, esse 'termo' amanhã.
amanhã é o ideal do mundo. amanhã, amanhã.
o amanhã é a esperança vã da imortalidade. é a forma como vamos nos ludibriando, sim, sempre teremos o amanhã! sempre poderemos fazer depois. torna-se penoso, é como ser desmancha prazeres dizer que nossos amanhãs são contados, que é melhor fazer logo hoje, agora de preferência, porque o amanhã só existe com certeza para o nascer do só (e até o sol tem prazo de validade!).

guardo para escrever amanhã e abstraio, permito que o pensamento se vá... não é justo! melhor falar ou escrever logo hoje, agora para ter a certeza de que disse algo, fiz algo, deixei mais uma marquinha. olho o céu e digo: não importa como, não importa qual é a grande verdade que eu tanto filosofo em buscar. o que importa é que vamos deixando nossas marcas.
tava até pensando nisso outro dia. tem um livro chamado A Marca Humana, do phillip roth que é fantástico e a capa, negra, é muito bacana porque é a marca de uma mão, tal como se uma mão umedecida de suor tivesse acabado de tocar o livro. é isso o que eu sou: uma sucessão de marcas deixadas em coisas, pessoas, lugares. em alguns casos essas marcas desaparecem logo e em outros ficam pela vida inteira. nossa marca desaparece quando desaparecem as pessoas que marcamos ou as coisas que fizemos. talvez por isso a arte seja instintiva ao homem, porque através dela (qualquer uma) ele se eterniza. não é, como se pensa ordinariamente, que tendo filhos, se reproduzindo, o homem está se eternizando porque esses filhos e netos e bisnetos são mortais. é através da arte que cada um deixa sua marca provavelmente para sempre, ainda que num espaço restrito (não sendo famoso ou genial)

mente o niilista quando diz que não se importa com a morte. porque essa própria afirmação de ser diferente entre os 6 bilhões, de não se importar com aquilo que incomoda todo mundo, é uma diferenciação, é gritar para o mundo: 'Ei! Estou aqui!' - negar deus não se circunscreve apenas em ser ateu. claro que não! - negar deus é, antes de tudo, um ato de bravura, uam forma de arte, ainda que abstrata, mas pintada com sangue, com víscera, com grito preso na garganta. - se hoje eu leio nos jornais as desgraças do mundo me sinto acuado, como a bala num pente de pistola que anda pra frente: cada acidente e desgraça que acontece com o outro, me aproxima do fim, da hora H, de ser a bala na agulha - hoje foi ele, amanhã posso ser eu! - porque, não se iluda, tudo remete a tudo. bobagem pensar que a pessoa aparentemente tranqüila está realmente em paz. a paz é um expectativa subjetiva e não uma realidade palpável como querem acreditar. por isso todos estão sempre em busca da paz como do amanhã.

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

Em suma...

"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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