o que é o quê
Saiu uma nota no Globo dizendo que a utilização de blogs no Japão (mais ou menos 72 milhões no mundo) superou os EUA.
Ontem participei de um debate no CCBB on line sobre a internet. Haverá outro debate na segunda terça feira de maio, específico sobre blogs. ele é transmitido pelo UOL, vale apena assistir e participar.
ontem, falando por alto sobre os blogs e sua credibilidade, marcelo tas, que moderava o debate, disse que passou a moderar os comentários em seu blog devido à baixaria que rolava ali e que a seriadade não está no blog e sim em quem o escreve, que o blog é ferramenta, a credibilidade está no autor.
Falado assim, parece incontestável, que é isso mesmo, mas será isso mesmo? a credibilidade está no autor?Acho que não concordo.
Quando você escreve num blog eminentemente jornalístico (como o Ricardo Noblat, por exemplo), evidentemente que a credibilidade está no autor, mas o blog não é só isso. Essa é uma das utilizações que se pode dar à ferramenta, mas existem outras, milhares, incontáveis. O blog pode tratar de músicas, de fotografias, de sexo, de literatura (pode, aliás, ele mesmo ser literatura pura) onde todo o seu conteúdo seja exatamente ficção. e daí? um blog ficcional teria menos credibilidade? um que fala palavrões demais ou pornografia demais tem menos credibilidade? Um blog escrito por stephan king ou por plínio marcos seria menos importante, menos crível que um escrito pelo padre marcelo rossi ou por marcelo tas? por que? qual a base, de que parâmetros estamos falando para analisar o conteúdo dessas 72 milhões de pessoas (ou mais) e separar essas daquelas, as que têm das que não tem credibilidade? eu, heim!
criam-se umas lendas engraçadas, baseadas em nada, em exposições na mídia, em oportunidade de algumas pessoas de aparecerem mais do que outras e daí essas pessoas viram 'especialistas' naquilo. Marcelo Tás é um exemplo disso. não conheço nenhuma atitude, nenhum trabalho específico ou consistente dele que o credencie a ser um 'especialista' em internet. ele simplesmente é. usou seu acesso à grande mídia e convenceu ao mundo que entende mais de novas tecnologias do que o vizinho, eu ou um outro internauta qualquer. mas não é nada contra ele não, a vida é assim mesmo, sempre foi - apenas uma observação. o que preocupa é tornar-se formador de opinião e tratar as informações que estão em rede de forma superficial, como esse exemplo de ontem onde ele falava sobre a credibilidade das coisas.
eu poderia, por exemplo, dizer o contrário: dizer que a credibilidade está em quem lê e não em quem escreve. basta que para isso eu entenda que o que vai escrito é ficção, arte e que a arte imitando a vida assim tem que ser compreendida. então se um blog diz uma coisa que não corresponda a um tipo de realidade, não há menos credibilidade ali e sim uma escolha do autor. quem recebe a informação sim, tem a responsabilidade de perceber se aquilo é arte (boa ou péssima) ou verdade inquestionável.
tarantino não é sério? é seríssimo. assistindo uma seção de kill bill podemos sair por aí decapitando pessoas? assistir ao humor do casseta e planeta torna toda a audiência piadista e engraçada? eu escrever aqui que considero o continente africano irrelevante me define como um louco semi-deus que pode re-arrumar a geografia do mundo? um filme que mostra o holocausto sob o ponto de vista dos nazistas torna o diretor desse filme um neo-nazista?
pensar a vida de forma tão pequena, esquecendo sua característica maior que é a farsa é simplesmente não pensar a vida. é fazer uma série de construções aritmáticas e regrinhas tolas e aplicá-las a tudo como se a farsa e a diversidade humana coubesse na limitação de visão e entendimento de um cérebro humano. isso é mais do que ordinário e jeka. isso é uma estupidez sem precedentes, uma grave erro muito comum ampliado e disseminado pela mídia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário