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16/04/2007

Olhos

existe um homem velho, um homem sem nome e um espelho partido. existe uma curiosidade renitente limitada a um corpo inerte. o corpo está deitado, como um morto, mas a barba branca não pára de crescer e a respiração, claudicante, busca o ar que sustenta. o oxigênio que mantém a fantasia.os olhos opacos enganam ao observador desatento. existe um sonho e uma história contada com palavras escritas. palavras em tinta negra sobre uma superfície branca, uma superfície que parece não ter fim. não se entrega à prisão imposta pelo corpo. sabe que não ligam à mínima porque quase não diz nada e está impedido de ir a qualquer lugar. imagina que deve existir desprezo por um corpo velho, uma respiração ruidosa que insiste em buscar mais ar, mais oxigênio. é teimoso o velho de podre pulmão que atravessa os tempos reescrevendo sua história mesmo sabendo que ninguém mais lê. não importa mais o que é fantasia, delírio misturado à memória. se é ilusão, é fecunda, sólida, com contornos ilógicos, vá lá, mas é a magia de criar, de imaginar-se jovem, não a si próprio, é bom corrigir, mas de imaginar o outro, ou outros, as possibilidades, as tramas, os acasos. sim, não precisa perguntar, ele dorme também, dorme um sono entrecortado e sonha e acorda e inscreve o material do sonho na sua história e chega mesmo a se confundir ( em quantas situações!) perdendo as vezes, a noção do que é sonho e do que é a história que está escrevendo. e ninguém vê...

(retirado do Pós Sobretudo de Lona)

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

Em suma...

"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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