Temperaça
Seis e trinta da manhã: quase não dormi. despertei de vez às cinco, mas fiquei no quentinho da cama. especialmente hoje liguei o computador cedo para mandar por e.mail à minha equipe a lista das coisas que me incomodaram, que não gostei no Comentário Geral veiculado ontem (porque minha frágil memória talvez me traísse na reunião se segunda feira). Minha carta-bronca (rs) é escrita não porque o programa estivesse ruim. ao contrário, estava ótimo, mas porque observei uma série de pequenos erros e equívocos que poderiam não ter acontecido, todos causados por falha humana, por falta de atenção, falta de uma percepção estética que deve nortear a produção porque tenho com os meus produtos uma obcessão doentia com a estética. Sou totalmente imodesto e acho o Comentário Geral, de longe, o melhor programa da TVE e, assim, não pode pecar em detalhes éticos nem estéticos. E, se dou rédeas para que cada um da equipe exerça seu trabalho plenamente sou também, antes de diretor, um crítico voraz das imperfeições. E se eu não erro, ou erro pouco, ninguém que está comigo pode errar também.
Como sou viciado (doentiamente) em internet, não consigo fazer uma coisa apenas no computador e, já que estou nele, não apenas escrevo uma bobagem aqui e outra ali, como dou um passeio pelas páginas que conheço mais, alguma coisa neurótica assim como ver se 'está tudo no lugar (rs'). E passo, claro, no site da B. onde encontro um post novo, dessa vez pessoal, tratando de mim. Normal, também escreveo inúmeros posts pessoais, tratando das pessoas (a maioria deles, aliás).
Por se tratar de um referência a mim, ao meu isolamenteo e a sua desistência não de ver se mudam as coisas, mas de não aceitar o momento como ele é.... por isso, acho correto trancrever literalmente o que expressa a meu respeito para que minha interpretação não altere uma palavra se quer. Entre outras coisas, diz assim:
"(...) Comemoro a possibilidade de trilhar outras paragens. Era mais que necessário. É fundamental. Saber que existem outras variações possíveis de serem desejadas, foi o grande presente que o G. me deu. Agradeço por isso. Principalmente por me permitir receber.Vivida no contorno da escrita, por vezes o tom da observação não pode ser alcançado, pois faltou a voz, os olhos, o contato físico. Trincado por esse incompreendido, o contato se desfez. Abrupto. Violento. Irascível. No fundo, a asincronia de possibilidades e desejos já vinha minando uma tentativa. E a expressão É uma pena, era a mais usada. Momentos de vida diferentes, pena. Raras são as pessoas que me tocaram e com as quais não convivo mais. Algo inusitado até a pouco, mas que o passar do tempo vem me trazendo (...)". (grifos meus)
Embora eu acredite firmemente que todo tipo de relacionamento justifique uma ampla conversa, um amplo espaço para a discussão onde as pessoas podem se mostrar melhor, dissipar impressões erradas ou corroborar outras sem intervir de maneira nenhuma nas decisões já tomadas, pensei em escrever um e.mail, falando um pouco de mim, dela e dessa coisa toda, de como se deu, porquê, etc., mas a mão de Francis me segurou, alertando para o perigo das coisas escritas de afogadilho. Claro que esse texto não muda muito o de um e.mail, já que é claramente escrito para ela como em Relações Perigosas de C. de L. Enfim, é o meio possível (sempre alertando para a questão óbvia de que fui eu quem estabeleceu esse limite). Acho que nada mudaria nada (pelo menos não da minha parte por enquanto). Mas não me furto a duas palavrinhas:
- ainda atentando para o fato de que nada seria alterado da minha parte, releio a impressão que diz: "Comemoro a possibilidade de trilhar outras paragens". Como esse espaço é meu, me permito analisar a frase como sendo fútil porque frágil. Na minha visão, a experiência com outra pessoa, por pior que seja, tem sempre alguma coisa a acrescentar, ainda que seja pela negação, mas uma coisa boa. Comemorar a saída não chega a me chocar, mas me surpreende exatamente por eu não esperar vir dali. Enfim...
- "Raras são as pessoas que me tocaram e com as quais não convivo mais" Sim, eu (e quase todo mundo, creio) também raramente deixei de conviver com alguém. Até mesmo, depois de algum tempo, com as que me foram verdadeiramente mais daninhas e em mais de um plano.
Existem, óbvio - também como todo mundo - pessoas que eu conheci e as circunstâncias foram tão graves que, por isso, não convivo mais.
Agora, uma pessoa "não conviver mais" porque a outra estava presioneira de espaços, porque não cedeu à uma certa normalidade dentro do prazo estipulado pelo outro, porque foi neurótica doida ou lá o que seja, mas que sempre teve o cuidado de mostrar tudo, não mascarar nada??
Não. Infelizmente, essa impressão despejada aumenta minha certeza de coisas que disse antes: não aconteceria nada (de substancial) em hipóteses alguma, porque a exceção não está na atitude condenada açodadamente, mas na raiz. Qualquer aproximamação (até mesmo um hipotético caso, namoro, e fora de questão, claro, casamento), estaria fadado ao fracasso.
Se agora há felicidade pela liberdade novamente conquistada, ótimo! Fico bem por as pessoas estarem felizes e libertas. O que me incomoda um tiquinho é a fragilidade da argumentação. Ela, antes de claudicante 'lógica', é a exposição do verdadeiro eu. Sendo assim, me restaria comemorar também por me libertar de possíveis decepções futuras, justamente quando estaria mais envolvido na história.
Pra não me alongar muito, conto aqui mais um pedacinho de mim, coisa insignificante, mas que aconteceu. Apesar do meu niilismo, ateímo e materialismo profundos e, talvez exatamente por eles, numa fase da minha vida estive muito interessado em determinadas áreas do esoterismo (me foge o termo correto) e, como a literatura sobre o assunto não me bastou, fui encaminhado por um amigo (hoje escritor de enorme sucesso - talvez o maior) à presença de um homem que se dispôs a ser meu mestre. E entre a variedade de meios que existem nesses planos metafísicos, interessei-me especialmente pelo estudo do Tarô (influência de jung?). Estudei-o e pratiquei por anos à fio, talvez não tanto pela crença, mas pela harmonia e simplicidade da representação do todo. E, de todos, ainda que aparentemente distante dos meus modos impulsivos, me afeiçoei e aproximei, mais me chamou a atenção foi A Temperança.
Talvez por ser o conceito que mais falta a todos os que arrotam boa vontade, calma, tranqüilidade, uma compreensão que, comparadas com os atributos da representação gráfica, da carta por fim, sucumbem ou, como diz o poeta: 'mostram suas caras'.
Como sou viciado (doentiamente) em internet, não consigo fazer uma coisa apenas no computador e, já que estou nele, não apenas escrevo uma bobagem aqui e outra ali, como dou um passeio pelas páginas que conheço mais, alguma coisa neurótica assim como ver se 'está tudo no lugar (rs'). E passo, claro, no site da B. onde encontro um post novo, dessa vez pessoal, tratando de mim. Normal, também escreveo inúmeros posts pessoais, tratando das pessoas (a maioria deles, aliás).
Por se tratar de um referência a mim, ao meu isolamenteo e a sua desistência não de ver se mudam as coisas, mas de não aceitar o momento como ele é.... por isso, acho correto trancrever literalmente o que expressa a meu respeito para que minha interpretação não altere uma palavra se quer. Entre outras coisas, diz assim:
"(...) Comemoro a possibilidade de trilhar outras paragens. Era mais que necessário. É fundamental. Saber que existem outras variações possíveis de serem desejadas, foi o grande presente que o G. me deu. Agradeço por isso. Principalmente por me permitir receber.Vivida no contorno da escrita, por vezes o tom da observação não pode ser alcançado, pois faltou a voz, os olhos, o contato físico. Trincado por esse incompreendido, o contato se desfez. Abrupto. Violento. Irascível. No fundo, a asincronia de possibilidades e desejos já vinha minando uma tentativa. E a expressão É uma pena, era a mais usada. Momentos de vida diferentes, pena. Raras são as pessoas que me tocaram e com as quais não convivo mais. Algo inusitado até a pouco, mas que o passar do tempo vem me trazendo (...)". (grifos meus)
Embora eu acredite firmemente que todo tipo de relacionamento justifique uma ampla conversa, um amplo espaço para a discussão onde as pessoas podem se mostrar melhor, dissipar impressões erradas ou corroborar outras sem intervir de maneira nenhuma nas decisões já tomadas, pensei em escrever um e.mail, falando um pouco de mim, dela e dessa coisa toda, de como se deu, porquê, etc., mas a mão de Francis me segurou, alertando para o perigo das coisas escritas de afogadilho. Claro que esse texto não muda muito o de um e.mail, já que é claramente escrito para ela como em Relações Perigosas de C. de L. Enfim, é o meio possível (sempre alertando para a questão óbvia de que fui eu quem estabeleceu esse limite). Acho que nada mudaria nada (pelo menos não da minha parte por enquanto). Mas não me furto a duas palavrinhas:
- ainda atentando para o fato de que nada seria alterado da minha parte, releio a impressão que diz: "Comemoro a possibilidade de trilhar outras paragens". Como esse espaço é meu, me permito analisar a frase como sendo fútil porque frágil. Na minha visão, a experiência com outra pessoa, por pior que seja, tem sempre alguma coisa a acrescentar, ainda que seja pela negação, mas uma coisa boa. Comemorar a saída não chega a me chocar, mas me surpreende exatamente por eu não esperar vir dali. Enfim...
- "Raras são as pessoas que me tocaram e com as quais não convivo mais" Sim, eu (e quase todo mundo, creio) também raramente deixei de conviver com alguém. Até mesmo, depois de algum tempo, com as que me foram verdadeiramente mais daninhas e em mais de um plano.
Existem, óbvio - também como todo mundo - pessoas que eu conheci e as circunstâncias foram tão graves que, por isso, não convivo mais.
Agora, uma pessoa "não conviver mais" porque a outra estava presioneira de espaços, porque não cedeu à uma certa normalidade dentro do prazo estipulado pelo outro, porque foi neurótica doida ou lá o que seja, mas que sempre teve o cuidado de mostrar tudo, não mascarar nada??
Não. Infelizmente, essa impressão despejada aumenta minha certeza de coisas que disse antes: não aconteceria nada (de substancial) em hipóteses alguma, porque a exceção não está na atitude condenada açodadamente, mas na raiz. Qualquer aproximamação (até mesmo um hipotético caso, namoro, e fora de questão, claro, casamento), estaria fadado ao fracasso.
Se agora há felicidade pela liberdade novamente conquistada, ótimo! Fico bem por as pessoas estarem felizes e libertas. O que me incomoda um tiquinho é a fragilidade da argumentação. Ela, antes de claudicante 'lógica', é a exposição do verdadeiro eu. Sendo assim, me restaria comemorar também por me libertar de possíveis decepções futuras, justamente quando estaria mais envolvido na história.
Pra não me alongar muito, conto aqui mais um pedacinho de mim, coisa insignificante, mas que aconteceu. Apesar do meu niilismo, ateímo e materialismo profundos e, talvez exatamente por eles, numa fase da minha vida estive muito interessado em determinadas áreas do esoterismo (me foge o termo correto) e, como a literatura sobre o assunto não me bastou, fui encaminhado por um amigo (hoje escritor de enorme sucesso - talvez o maior) à presença de um homem que se dispôs a ser meu mestre. E entre a variedade de meios que existem nesses planos metafísicos, interessei-me especialmente pelo estudo do Tarô (influência de jung?). Estudei-o e pratiquei por anos à fio, talvez não tanto pela crença, mas pela harmonia e simplicidade da representação do todo. E, de todos, ainda que aparentemente distante dos meus modos impulsivos, me afeiçoei e aproximei, mais me chamou a atenção foi A Temperança.
Talvez por ser o conceito que mais falta a todos os que arrotam boa vontade, calma, tranqüilidade, uma compreensão que, comparadas com os atributos da representação gráfica, da carta por fim, sucumbem ou, como diz o poeta: 'mostram suas caras'.

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