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15/08/2007

Expectativa pré e pós-uterina

Estive catalogando vários momentos meus, várias situações em que me senti em perigo (o que não é difícil). Sentir-se em perigo é não ter certeza das coisas, ter que fazer opções, ter que trocar alguma coisa. E tenho que mudar coisas na vida o tempo todo: maneiras, conceitos, expectativas. Não me importo exatamente com o que vai ser, como vai ser, a atitude. A questão é a reação. Como virá a reação àquilo que eu me dispuzer a fazer? Que conseqüências? Viver é tão arriscado quando pular de para-quedas ou asa delta. Talvez mais já que a própria vida nos dá essa alternativa. Digo para mim mesmo pensar bem nas coisas, mas não acontece, não é verdade, não penso. Sou puro instinto e tudo o que vem de mim é instintivo, é perceber o que rola na hora, naquele segundo. Faço uma peregrinação por outros sítios vendo o que as pessoas estão pensando, não para seguir-lhes o caminho, mas para estar inteirado. Não adianta. Psicologismos menos ainda e a metafísica não existe em mim. Busco então o que existe.

Aí começa meu dilema porque às vezes tenho a impressão de que existe tudo e nada em mim, parece que conheci todas as coisas e vivi todas as experiências, ou o contrário, que sou virgem na vida, que ela me é totalmente nova e irreconhecível à cada manhã, como se renascessemos diariamente (essa tese tem andado mais forte ultimamente). Como fazer? É verdade também que não me agüento mais me questionar esse tal "como fazer". Então, simplesmente, faço. Se está dando certo? Não sei. Tenho uma implicância ancestral com o futuro, como se ele fosse um bispo de pedra negra, impávido, sem sequer me dirigir o olhar. O futuro deveria olhar pra gente, deveria dar dicas, ajudar, o futuro deveria ser um "presente" com super poderes. Um presente super-herói, um pai. Taí, o futuro poderia ser nosso verdadeiro deus, nossa esperança, nossa certeza de que estamos trilhando o caminho certo. Mas não é assim. O futuro é besta, esnobe, ao contrário do passado que nos é tão prestimoso mesmo quando as recordações não são das melhores.

Optar por fazer seu caminho é uma tarefa árdua demais, carregada de responsabilidades insuportáveis. Claro que terminamos não nos furtando, mas é como andar na corda bamba. Por isso talvez possamos dizer que estamos todo o tempo na corda bamba (de sombrinha) e, como cantaram John Neschiling e Geraldo Carneiro, "nos afogando num oceano de cachaça". O vício de viver domina completamente a cena. Não vivevemos só por prazer, mas por víci0 na vida, não abrirmos mão, não percebermos o que rola, o que estamos fazendo em nome desse vício. Somos petulância de espermatozóide vencedor, petulância do mais forte e rápido. Acho que vivemos numa euforia pré-uterina na expectativa de chegar lá. Nós chegamos! Mas o mundo também é expectativa pós-uterina, expectativa de degenerescência, de embarque para o comboio final. Não sei.

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

Em suma...

"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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