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11/10/2007

Minha Náusea ou O fim da psicologia

Incomoda-me uma certa rigidez que há em todas as coisas (Clarice fala disso). Essa rigidez pode ser um bem ou um mal, depende de como a encaramos. Pra mim é um mal, mas não sei se o contrário seria um bem. As coisas me chegam de maneira nebulosa, leitosa, mostrando-me um mundo distinto e distante, de certa maneira impalpável e me vem à cabeça a idéia do verme branco que um personagem vê na ponta de uma manga de paletó, no lugar da mão (A Náusea - Sartre). Desde essa leitura na juventude vejo todas as mãos como vermes disfarçados e gigantes e hoje em dia outras partes e outras coisas como objetos me provocam náusea igualmente, chegando a um ponto que encosto-me a uma parede aterrorizado, vendo tantas coisas causadoras de náusea vindo em minha direção. Talvez por isso afasto-me dessas coisas (quase tudo), talvez por isso precise fazer anotações já que pessoas, na maioria das vezes, não são boas ouvintes. Acautelo-me. Relações sociais trazem com elas pessoas e objetos e não sei quais as reais intenções de tudo isso. Luto contra um exército invisível que expõe a minha parecências com um louco varrido embora não hajam provas disso, embora não seja impossível eu estar correto nessas minhas impressões e o mundo sim, ignorante dessas possibilidades. Como provar que luto corretamente e que meu medo não é sem fundamento e muito ao contrário? Não existem garantias nesse mundo leitoso a que eu me referia no início, esse mundo de certezas hipotéticas, de limites firmes e frágeis igualmente. A maneira de tomar as rédeas de tanta ambigüidade é apenas a precaução e caldo de galinha. Bom não esquecer que os psicólogos desse lado do hemisfério, não morenos, babalaôs com suas beberagens importadas de tribos africanas. Nada contra, mas Viena não é aqui, bom lembrar. Portanto, minha visita a esses “técnicos em mentes” é pouco freqüente e cercada de mistérios que vão do riso ao pavor, da crença ao deboche. Psicólogos caboclos e tupiniquins tornam o mundo e suas visões dele ainda mais escorregadias (e, de certa forma, assustadora). E afinal, pavor às baratas é coerente ou não? Uma conclusão a isso pode referendar minha sanidade espiritual ou não. Deveria mesmo lidar tranqüilamente com peçonhas?
Isso é para dizer de modo inquestionável que os males que nos afligem a alma devem ser percebidos à luz da filosofia e não da psicologia. A psicologia valeu-se da sociologia e da filosofia pretendendo criar alguma coisa nova, um método elucidativo e curativo das dores do espírito. Mas não deu certo, falhou, errou completamente. Não interessa nominar a náusea e a estranheza com gentes e coisas de neurose ou psicose. Aditanta tão somente encontrar as origens nessas filosofias ( a náusea é uma parte atuante do existencialismo, por exemplo) e, través dessa percepção, compreender o que se passa no espírito atormentado. Você pode dizer sem medo de errar que uma pessoa está “existencialista” ou invés de “psicótica”. Curá-lo? E, por acaso, na psicologia, há hipótese de cura?

(retirado de A Invenção do Mundo)

3 comentários:

Anônimo disse...

Cura é uma palavra dura que prevê a chegada a um lugar estático, não é?

Anônimo disse...

Sim, sim, é. Um lugar que não existe, delírio de uma sociedade decadente. Acho.

Juℓi Ribeiro disse...

Geraldo:

Vim te visitar retribuindo a sua visita no meu blog "Coletânea Poética" (http://juliribeiro.wordpress.com/)Quero te fazer um convite para conhecer o meu blog "Lágrimas e sorrisos"
(http://julls17.blogspot.com/)Neste blog eu posto poesias de minha autoria e de meus escritores favoritos. Te aguardo.

Quanto ao seu texto:
As vezes o que siguinifica "cura"
para alguns, pode ter outro siguinificado para outros.
Na minha humilde opinião, tentar vencer um obstáculo já é um passo para a vitória.
Seu medo não é sem fundamento.
Devemos respeitar os medos alheios.
Todo mundo teme alguma coisa
e mente se disser o contrário...
Aceitar os nossos medos também é uma atitude corajosa.
Não sei se há cura para isso na psicologia...
Tenho uma filha maravilhosa, inteligente, que fala 4 idiomas fluentemente, mas que quando vê uma barata, morre de pavor e sente naúseas. Como explicar isto?
Clarice tem razão, não devemos ser tão rígidos.
Um abraço.

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

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"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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