Geraldo Iglesias*

ainda ontem recebi as análises críticas ao meu programa que encomendei no primeiro teste com as estagiárias que pleiteiam a vaga. de tão mal formuladas, não consegui ler nenhuma das análises até o final. deleguei à minha produtora essa tarefa ingrata e chata. depois da avaliação ela me mostrou a pasta de uma menina de 23 anos, de niterói, com uma crítica conceitual sobre a estética do fundo âmbar em contraposição aos elementos vermelhos (cadeira e luminárias).

como ainda estamos em ritmo de feriado, tinha um estúdio vazio. chamei o meu iluminador e revimos a palheta de cores das gelatinas. fizemos então inúmeros testes com a câmera aberta e o fundo azul me pareceu em equilíbrio maior com a ferragem negra do cenário bem como com as cores dos adereços.

ontem mesmo admiti a estagiária e ela, ainda surpresa por minha escolha, me mostrou um pequeno ensaio sobre o papel das televisões públicas e pediu que eu ajudasse na feitura da proposta. a história estava mesmo truncada porque no texto ela confunde o público com o estatal.

hoje de manhã, de ressaca generalizada, sentei em frente ao word e trabalhei no texto da menina. no fim, me dei conta de que eu subtraíra toda a essência da autora, escrevendo eu mesmo um novo texto. acabo de enviar o material a ela solicitando que o reescreva usando suas próprias palavras. não sei se agi certo.