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22/02/2007

existe um conflito mal resolvido entre conteúdo e dramaturgia & estética. parece (tenho certeza) que glauber claudicou pesado nesse tênue limite enquanto bergman encontrou um movimento mais denso, onde conseguiu produzir uma obra mais aprofundada apesar do vermelho em gritos e sussurros. ziembinski traçou um caminho paralelo, embora marginal, que surtiu um efeito novo ao teatro da sua éspoca.

transpor esses movimentos de arte para programas de carreira, desses semanais ou diários, torna-se árdua tarefa porque a nova geração não acompanhou essas tentativas mal e bem sucedidas em outras mídias. não sei de onde, mas é fato que concebeu-se que nos programas de variedades, esse elemento artístico não é levado em consideração, coisificando a história e nivelando o público por baixo.

numa televisão pública, de dinheiro escasso e profissionais pouco envolvidos, essa preocupação parece árida, sem resposta direta, sem parceria para quem produz. tenho procurado formar o meu assistente e o meu iluminador, ainda que partindo de rudimentos, para buscar a diferênça num produto que vai em massa, numa rede de programação confusa, avulsa, uma colcha de retalhos sem um carnavalesco de punho firme e sensível.

não existindo essa percepção na escala mais alta da hierarquia televisiva, cabe aos realizadores mortais imprimirem sua busca artística à princípio de forma solitária e, paulatinamente, mostrando e incentivando os técnicos e colaboradores a perceberem a diferença entre produtos que mereçam essa atenção e outros que não.

tirando o folhetim das novelas (fraquíssimas em densidade dramática e estética), praticamente todo o resto da programação de todas as televisões cabem dentro de um nicho híbrido informativo-cultural. esses produtos não têm cara, identidade, assinatura (como não tinham as iluminuras árabes do século X, quando entendia-se que assinar a iluminura era uma afronta, já que o produto do homem nada mais era do que a extenção, a dádiva de alá.)

resta então um movimento lento, com paciência de jó para mostrar a iluminadores, operadores de vídeo e outros técnicos afins como podemos aplicar pelo menos uma sutil visão artística (sabendo que eles são cegos porque não têm a referência do que falamos). por fim, esses mesmos profissionais terminam entusiasmados com o que fizeram, sem se darem conta que eles próprios são naifs, barrocos, que produzem algum melado sem jamais terem provado o mel.

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