Geraldo Iglesias*

na madrugada dos espelhos e velas acesas não há carnaval. existe a lembrança - borrada - da tocha no jardim. eu a persigo pela grama com a luz do luar, que não é pouca. nunca antes tinha imaginado que os luares inuminassem, achava que era uma licença poética dos cineastas. não é.
durante o dia, mesmo em tom de brincadeira, falamos da importância da mulher na cadeia de acontecimentos e crescimento da humanidade. a coisa descambou para a brincadeira, mas fico imaginando o papel preponderante das mulheres rainhas em sociedades arcaicas. ao mesmo tempo, leio que cleópatra era uma mulher assustadoramente feia, ao contrário do que cantam os poetas (de agora e da época). se ela era tão feia, devia ter alguma coisa especial para atrair tantos os imperadores e o povo da época, bem como encantar os trovadores.
o trovador de hoje escreve blogs, não se suja te tinta, toma banhos diários e assiste às guerras ao vivo pela televisão. nossas trovas entretanto, são fugazes e não se perpetuarão na história como os textos dos pergaminhose toda a sorte de papéis.
ainda acredito mais no papel manuscrito. é nele que deito as verdadeiras confissões, os sentimentos em estado bruto, onde me mostro com toda a minha grandeza e toda a minha fraqueza.
em outras épocas os homens não podiam demonstrar fraquezas - ainda hoje em várias civilizações - e imagino que seja um enorme problema essa coisa de ser machão o tempo todo. eu prefiro chorar. sempre preferi. devo ser o lado mais frágil, um parafuso a menos ou a mais :)