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18/02/2007

helena chegou assim como quem não quer nada. falei umas coisas e ela outras, nada de importante, nada fundamental... ela nem disse todas as verdades, mas eu acreditei mesmo assim. ela chegou e me pegou, beijou e acariciou. fiquei parado, assustado. mas ela estava realmente ali, não era um delírio, não era feitiçaria nem loucura, era ela.

seu olhar profundo desviou o meu. não pude parar de olhar. fiquei assim um longo tempo, olhando. ela se aproximou e beijou minha boca. calma, delicada. seus lábios estavam molhados... senti sua pele quente. helena se afastou e me olhou novamente segurando minhas mãos. eu estava ali de passagem, não tinha pensado em ficar, era só pra relaxar, mas não saí. continuou segurando minhas mãos.

fechou os olhos por um tempo. esperei. chegou perto, me abraçou e senti seu corpo suave e forte, quente colado ao meu. minha cabeça parou de pensar, entrei num terreno obscuro, num vácuo atemporal e sem limite geográfico. a única geografia possível foi o seu corpo que se aconchegou no meu por um interminável período. senti ondas recorrentes do que pensei ser calor, mas era prazer em estado bruto.

foi me puxando até entrar no seu mundo... um mundo diferente e impensável para mim, distante de tudo o que sei. por um instante pensei n'o aleph tentando me recuperar. inútil, nem todo o borges me libertaria. fui seqüestrado de mim mesmo. perdi alguma coisa dentro de mim e fui invadido por uma onda recorrente de prazer e paixão.

me amou como quem inicia um menino, percorreu o meu corpo com o cuidado da primeira vez, invadiu minha mente, meu corpo e meu espírito. de início suave e meiga, foi tornando-se forte e vibrante, cada vez mais, à cada movimento. fui me entregando mais e mais até não ser mais eu, entrar num nirvana e ficar vendo meu corpo no dela, penetrado, colado.

os seios.... nunca vi tão lindos, tão perfeitos. as pernas, as costas a bunda, a buceta depilada e molhada, me engolia. ficamos assim muito tempo. mudamos as posições, eu sem rumo. ela diligentemente se movimentando e mostrando como tudo é etéreo, colorido, arco-iris.
isso continuou. entre uma parada e outra, estávamos lá nos procurando, descobrindo, seduzindo.

dormi exausto, mas com ela num pensamento fixo e não sei mais se o seu corpo esteve colado ao meu na cama por toda a noite. acho que sim. se estava, eu não queria despertar, não queria mexer um músculo, nem piscar. ela ressona suave e bela. fui guadião do seu sono como um soldado fiel.

hoje sou outra pessoa, não sei mais a identidade. sei dela que me procura, que me encontra, que me usa, que se dá, se funde comigo enlouquecidamente e, entranhados um no outro, dizemos nossos nomes, nossos gostos, nosso trabalho. coisas que estão no entorno, que não interessam, que abandonei por completo porque não sou mais eu.. sou outra coisa e não tenho nome para dar essa coisa, essa massa de sentimento explosivo.

mas a vida é crual porque dá, mas limita. fez de mim então um prisioneiro de outros eus e não pude estar como deveria, não pude fincar a bandeira no solo fértil, não fiz nada do que deveria ter feito. ela me olha sem entender (como poderia?). tento explicar, mas não tenho explicação, nada tem explicação em mim, bizarro, estranho e cativo... então me resta olhar e esperar, esperar que a outra pessoa - que sempre há - se aproxime e tome meu lugar (que nunca deixei ser meu).

depois serei todo sofrimento e desespero, estarei jogado num poço sem fundo, jogado por mim mesmo, cavado pelo meu espírito e minha mente enlouquecida. poderia voltar tudo atrás e começar de novo, mas de que ponto? onde eu me rompi? em qual encruzilhada me perdi? a vontade é de embriagar, me embriagar até desacordar, mas não faço nada porque nada serviria - ela estaria nos meus sonhos etílicos - nada adianta nem sobra. ela e eu.

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

Em suma...

"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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