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28/02/2007

ontem, diligentemente, fui fechando todas as entradas para o nosso quarto. isso foi já às duas da manhã porque antes estive com umas pessoas num bar. em vão esperei que ela ligasse.
a cerveja começou quando resolvemos mudar tudo o que estava escrito... muitas vezes trabalho numa mesa de bar, entre copos de cerveja e cigarros em profusão.

numa mesa um pouco mais distante, uma mulher tomava vinho de frente para um sujeito de barba hirsuda. de relance, achei que a mulher era ela, como se o destino provocasse mais esse encontro fortuíto. olhei bem... não era. conto isso aqui porque depois desse carnaval nada mais me surpreende, imagino que o destino é capaz de pregar tais peças ou dar tamanhas reviravoltas que o Fim de Jogo de Woody Allen parece brincadeira de criança.

procuro dentro de mim respostas sobre as encruzilhadas que surgem. não pela encruzilhada em si, não, mas pelas opções, pelo paradoxo que provocam num espírito ávido mas cauteloso. como pode a mulher surgir do nada, estar em frente à bancada de uma livraria e tocarmos simultaneamente um mesmo livro? pior: porque ela cede o volume a mim e, enquanto o folheio, me observa? eu não tenho nada de mais... o que é então?

como eu sou um rapaz de família (talvez suzana de morais tenha se inspirado em mim para o filme homônimo, usando o vinícius apenas como figurante, por estar ali, ser seu pai.). voltando: como sou um rapaz de família não falo com qualquer um (ou uma) fazendo que ela me crivasse de perguntas à respeito daquele autor que eu tinha em mãos. respondi todo o tempo monossilabicamente até que ela pegasse em minha mão e conduzisse ao café da livraria.

o depois, o conhecermos as mesmas pessoas, a atração maior do que física - quando derrubei definitivamente essa história de ter 'química' - foi tão grande que ficamos unidos, num cordão umbilical bilateral como que a alimentar-nos, refastelarmos como num banquete oferecido por uma vaca profana.

como, ela com as mil histórias em que se mete, se revela a mim uma mulherzinha? porque tem essa história mesmo. mulher não existe, é lixo, nojo. mulher é a outra parte do homem, uma pensante, um ser, desses que só servem para estudar, trabalhar e procriar.
a mulherzinha é um outra história, totalmente diferente.

a mulherzinha é raríssima de ser encontrada até porque eu agora estou acreditando que deve ter um monte por aí que não sabem que são. ela é muito rara e, se acontecer, é só uma vez na vida de um homem... bilhões de homens devem nascer e morrer sem saberem que elas existem.

a mulherzinha é a que sabe mais, estuda mais, possui mais talento, batalha mais...
ao aproximar-se do seu homem, a mulherzinha se aconchega como um bebê, estende a mão cheia de amor, se oferece de uma forma tão profunda que se mostra ampla, inteira, desnuda, aberta para seu amor. é, antes de tudo, a fêmea dele.

as outras, babacas, ficam arrotado que são independentes, se sustentam, ocupam esse ou aquele cargo, ganham tanto e não sei mais o quê. sabem sempre exatamente o que querem e colocam o homem no seu devido lugar, aquele lugar distante, inferior, triste. nascem e morrem assim. têm apenas um papel biológico no mundo.

bom... eu ia falar mais da mulherzinha, principalmente da sua força que é um dar-se constante sem se exaurir, ao contrário, que percebe que quando está de quatro é justamente a posição que lhe confere todo o poder, quando controla todo o homem, que domina a vida e a morte... no momento em que, aparentemente está sendo possuída.... é o contrário.
a mulherzinha cuida bem do seu homem, leva café na cama, conta todos os seus detalhes de forma análoga com que escuta e protege.

nelson rodrigues dizia que toda mulher deveria ter 14 anos.. eu disse que toda mulher deveria ser a sandra bullock, mas resolvi mudar radicalmente. agora toda mulher tem que ser mulherzinha.

Um comentário:

Ane disse...

Boa, Geraldo.
Quando eu passei os olhos rapidamente, achei que vc estivesse usando o termo "mulherzinha" de forma peorativa, como é comum se ouvir.

Foi o que me fez parar e ler o texto só para ver em que ponto eu discordava de você.

Pois bem, fico surpresa. Agradavelmente surpresa. Apesar de ainda achar que o termo usado remete a outro significado, encontro aqui um belo olhar sobre um tipo de mulher. Um bom tipo, ao meu ver.

Beijo.

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

Em suma...

"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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