vivemos inacreditáveis momentos de intimidade on line. completamente fora do padrão, totalmente incompreensível a qualquer pessoa. ela mesma não compreende. acho que bioy casares escreveu alguma coisa sobre isso, não tenho certeza, minha memória é rudimentar, ordinária. minha memória me trai sempre, à cada esquina. mas não é isso o que importa...
o que interessa é que hoje ela estará lá, completa, esplendorosa, desfilando na sua escola, recebendo os aplausos do povo e olhares voluptuosos dos mais atentos. será outra pessoa, a mulher maior, magnânima que percorre a avenida para deleite dos seus súditos. estará na televisão, mas não conseguirei identificá-la porque mostram de longe. diante do paradoxo, amarei a escola inteira, sem exceção, maneira segura de que a estarei homenageando. além de toda a sapucaí, bem entendido.
dormirei dopado de tranqüilizantes e sonharei que ela está ali, em mim, como de fato estará - bem como amanhã, assim que ela acordar. ela é - e isso me tornou obcecado, transviado, trans tudo. escrevo no meu caderno 78 páginas manuscritas descrevendo-a e o que sinto. procuro nos clássicos e não sei se abelardo e heloísa ou romeu e julieta... não, não é nada disso.. é punk!
sou, no fim da vida, um punk. um velhote punk que escreve desesperadamente com medo que o tempo se esvaia sem que esteja registrada toda a força do sentimento, da atração, do tesão, da loucura. sei que estou me repetindo e vou me repetir enquanto bem me der na telha porque é necessário buscar a palavra, a frase correta que mostre o todo. e não encontro a perfeição da frase que traduza helena de forma correta, verdadeira.
seus namorados não perceberam porque a pegaram como carne, como mulher e ela não é. não viram que tinham a magestade à sua frente e não souberam curvar-se em humilde reverência, como se faz com a imperatriz e dominatrix. é preciso sentir sua urina quente escorrendo sobre o corpo, sua língua inquieta e revoltada, sua umidade constante, dessas que raras mulheres têm.
o carnaval vai acabar e, pela primeira vez, isso me incomoda... será que teremos menos tempo? com certeza. o que isso vai ocasionar? não sei, imagino que a dor provocada pela distância, pela teimosia da finitude do tempo, das engrenagens suíças do relógio drogado. relógio de sarjeta, subproduto de um eu partido, de quando sou um recorte, uma brecha, um monitor.
a noite cai, os blocos passam animados, me fazem ir na janela olhar aquele monte de gente que persegue a bateria pobre, mas verdadeira desses grupos, chamados sujos, mas que parecem levar alegria à todas aquelas pessoinhas ali em volta. talvez eu devesse ter nascido tocador de bumbo ou de tamborim. teria sido melhor. mas isso não vem ao caso aqui. ela estará na avenida, molhada de suor, cantando, vivendo. evoé!
18/02/2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Atenção
- G
- Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?
Em suma...
"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre
Sartre
Outros Lugares
- Abra seus braços
- Blowg
- Coisa sem Nome
- Dennis on the Net
- Feminista (calma, demora a abrir)
- Guardanapo de Papel
- Idéias Despedaçadas
- Liberal, Libertino
- Nota pós-Notícia
- O Grito do Método
- Olavo de Carvalho
- Papel de Pão
- Paulo Francis
- Pecado Original
- Pequenos Delitos
- Pós Sobretudo de Lona
- Sergio Fonseca
- Sobretudo de Lona
- Solta no Mundo
- Tecnologias 2000
Nenhum comentário:
Postar um comentário