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25/03/2007


durante toda a minha vida as oportunidades apareceram. se isso é sorte, eu não posso reclamar. tive (e tenho) todas as chances, oportunidades. uma atrás da outra, as oportunidades se enfileiraram ao meu dispor e eu fui descontruindo metodicamente, cada uma delas. agora, velho, descrente da vida, quando poderia chorar o abandono que plantei para mim, não muda nada: ali estão as oportunidades me chamando, clamando para que eu não as perca, para que eu desfrute a vida (pelo menos agora que os anos se acumulam). e eu digo não.
quando eu esiver num CTI barato, entubado por todos os cantos, olharei os monitores ao alcance de meus olhos e as lágrimas vão escorrer de uma peninha inútil de mim, de uma peninha mentirosa, como foi mentiroso todo esse trajeto. o que eu vivo é um arremedo da literatura mais barata, do sonho mais inconsistente, do desprezo total pela riqueza (que eu reconheço), da vida. tudo tem um preço, eu bem sei, e faço onda agora onde não há o que negar, não há porque de não vivenciar; fico nesse mundo de sonho e delírio achando que isso e aquilo enquanto os minutos passam e a ampulheta se esvazia. caramba, como vou chorar por dentro e me arrepender! como! o pior é que não tenho uma doença alienante que me justifique depois, assim como não terei um deus a quem pedir perdão, eu não terei nada além dos tubos frios e do oxigênio artificial, gelado, da assepsia que eu falei brincando um dia que seria o meu ideal de vida. eu vou me arrenpender de cada caldo, de cada secreção, de cada gota de suor humano que fingi desprezar quando nada disso era verdade! as pessoas estarão todas aí, todas encontrando novas oportunidades, expectativas, companheiros no trato diário.... todas irão me visitar e terei uma visão opaca, borrada, de cada uma daquelas pessoas que vão sorrir para mim, que colocarão suas mãos sobre a minha, crivada de agulhas. todos dirão que 'não é nada não', que logo, logo 'estarei de volta ao jogo'... mas nada será verdade. eu já sei agora.
tento agora um sentimentalismo barato, como de resto, tudo, porque se sei, deveria mudar e nem pretendo... dou uma gargalhada do patético que ousei: não fui uma pessoa, fui um blog vulgar

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

Em suma...

"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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