farsa: capítulo 5022
recebo um simpático e.mail de uma velha amiga contando que tem passado por aqui vez por outra, que fica tentada a deixar comentários, mas termina por se abster. fala da experiência dela de estar escrevendo o roteiro, o script da sua vida, e das constantes mudanças que imprime a seus 'personagens' porque a convivência de vários atores num mesmo palpo resulta, invariavelmente, conflituoso e mesmo dolorosa para ela.diz que entendeu perfeitamente o que escrevi e aqui percebeu que eu apenas descrevia o que ela, talvez de um modo um tanto inconsciente, pratica há muito tempo. inconsciente é uma maneira de falar do todo na relação consigo mesma e os outros porque ela sabe muito bem o que está rolando e diz que sua psiquiatra não entendeu nada quando ela tentou explicar. contei minha experiência em tentar dividir essas 'idéias mirabolantes' com os outros: fracasso absoluto! essas coisas não devem ser discutidas com absolutamente ninguém, no máximo deixadas como posts por aí, permitindo que um ou outro se identifique ou não. falou da sua enorme vontade de usar drogas mais pesadas. penso que o uso de drogas é uma porta para escapar da dolorosa experiência da incompreensão que nos cerca diretamente. a decisão de usar drogas ou não é muito circunstancial. não é baseada em apenas motivo ou anseio. creio que a opção pelo uso de drogas não é solitária, as pessoas são levadas por um conjunto de circunstâncias pela atitude de uma ou um conjunto de pessoas têm conosco. claro que isso funciona aleatoriamente, randomicamente, digamos assim, rs... o que ocorre com um pode não rolar com outro.grosso modo acho que, de uma forma ou de outra, todos nós, historicamente, nos drogamos de maneiras convencionais ou não, legais ou não, aceitas ou não. muitas das vezes o que leva a impressão de prazer ao cérebro são atitudes entendidas como normais pela sociedade (o sexo e o chocolate, por exemplo). e dizer que a heroína é mais degradante do que o chocolate, é uma visão mais compensada pelo grupo, não muito mais do que isso. por isso, em nossa ficção (barata) temos os cocainômanos e os sensatamente pervertidos. apenas personagens que dão um certo tom ora divertido, ora trágico durante a narrativa que vamos fazendo da farsa, capítulo a capítulo.

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