Guilherme Araujo
A turma dos baianos hoje deu entrevistas nos jornais, falando maravilhas de Guilherme Araújo. A história não é bem assim. Não lembro extamente o ano que o conheci. Foi nos anos setenta, na esteira da minha paixão louca pelo caetano. já contei inúmeras vezes que eu ia milhares de vezes ver os shows do caetano e, coitado, acabava me impondo como uma frequentador dos seus camarins. ele sempre foi gentil comigo, embora não tivéssemos nada para falar. era uma época em que eu raciocinava menos ainda (acredite!) do que hoje em dia. eu era fã e pronto: ele tinha que me aturar, coitado!...rs
algumas vezes encontrei o guilherme no camarim do caetano.. e pelo que reza a lenda, o guilherme foi figura fundamental para o sucesso dos baianos. ele percebeu que a turma era o máximo, investiu neles, foi um puta empresário e foi responsável pelo sucesso do que, na época, eram os novos baianos! com certeza! talvez, como eles tinham muito talento mesmo, tenha sido um golpe de sorte do guilherme, talvez qualquer empresário fizesse a fama dos baianos, mas o que importa é que o grande responsável foi mesmo o guilherme.
depois de 83 eu tive encontros muito esporádicos com o guilherme, todos profissionais, porque ele produzia uns bailes bárbaros no carnaval e eu, como diretor de carnaval da manchete (assistente do meu mestre alcino diniz!), estava sempre por ali, para que houvesse uma boa cobertura dos eventos, dos bailes. eram muito bons mesmo... o Gala Gay, então, era um sucesso absoluto. como empresário, o guilherme sempre foi muito profissional comigo, de forma a que minha equipe estivesse sempre em lugares privilegiados de forma a dar visibilidade aos bailes dele. normal.
o guilherme era uma bicha velha e gorda. sempre foi. ele era muito afetado e era tão estrela quantos os seus baianos. ele ganhou muito, mas muito dinheiro como empresário de gal, gil, bethânia e caetano. imagino que um dinheiro justo.
mas depois de uns anos a história mudou completamente. aconteceu uma briga fenomenal entre o empresário e os artistas porque o guilherme atrelou (em contratos) os seus ganhos às composições e apresentações dos baianos que, depois de anos, se cansaram de ter que pagar tanto dinheiro ao guilherme sem que este tivesse que fazer qualquer coisa. primeiro romperam e depois pararam de se falar.
a coisa não parou. foram todos brigar na justiça, já que os contratos do guilherme previam mesmo esses ganhos percentuais sobre o trabalho dos baianos. sei que a história primeiro passou pelas revistas sensacionalistas, depois pelos jornais e depois todos eles promoveram um silêncio em torno da história. normal... o guilherme, da mesma forma que foi astuto em descobrir os baianos e em promovê-los muito bem, não esqueceu dele próprio. ele sabia que, com o passar dos anos, os artistas não precisariam mais deles e por isso fez esses tais contratos de forma a não deixar de ganhar muito dinheiro nunca. normal também.
só tô escrevendo essa bobagem aqui porque na reportagem do obituário no globo de hoje, excluindo a bethânia (parece que ela mantém sua opinião), todos os outros se desmancham em elogios, palavras enaltecedoras, saudades e toda aquela coisa. não é verdade. eram inimigos. todos! tanto que o guilherme, alegando uma certa decepção com o rio (falsa), estava agora jogado às traças, num ostracismo total, não era mais ninguém. ninguém nem lembrava que ele existia. claro que os baianos, por seu talento, continuaram fazendo sucesso e ele, como ex-empresário e atual inimigo, não era mais nada. mesmo tento enriquecido.
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