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19/03/2007

independente de suas vontades, em algum momento, as pessoas se revelam tais quais como são. é um fenômeno curioso, que eventualmente, nos assusta. esse possível susto não tem exatamente uma razão de ser, não, é contextualizado de acordo com determinadas acomodações de raciocínio que tendemos a fazer, uma espécie de 'baixar a guarda'. como um sistema operacional, como forma de proteção e justo descanso, abandonamos uma acuidade mais sagaz e entramos em 'modo de repouso'. imagino que seja assim com todos.

esse saudável torpor mental propicia a possibilidade de respostas imediatistas, dessas que a gente dá sem pensar, como nos joguinhos psicológicos, quando somos instados a responder rapidamente, ao estímulo de uma palavra qualquer ou à visão de uma figura. se, nesses joguinhos, já respondemos coisas instintivamente, imagine então quando não estamos preparados, não estamos jogando. pois é justamente aí que falamos o que não devemos.

porque o outro, qualquer outro, por mais íntimo, mas tranqüilo, mais disposto a ouvir qualquer coisa é na verdade, um ser humano programado. ele é programado para acordar, esvaziar a bexiga, escovar os dentes, tomar café e trocar palavras amáveis ou ásperas com o outro (seja um irmão ou um marido). dentro dessa programação, numa subpasta, está armazena a gama de coisas que estão programadas para serem ditas e, principalmente, porque inconscientes, ouvidas!

se, na troca comezinha que perpetuamos na vida acontece algo diferente, uma palavra que não estava previamente escrita no script, reagimos também de forma inesperada, na maioria das vezes agressivamente. não porque sejamos agressivos, não, mas, antes, porque somos animais e, como tais, temos instintos e esses nos fazem pular quando alguma coisa ameaça. e nada ameaça mais o que o inusitado, a frase não pensada, não previamente estabelecida so script.

como gatos inadvertidamente escaldados, após a ocorrência desses curtos nas relações (quaisquer), ficamos alertas como quem desperta de um sono não programado na poltrona de um avião, por exemplo. ficamos um bom tempo (meses, anos quem sabe!) atentos para não provocar com o nosso descuido o desconforto no outro porque, a verdade verdadeira, é que somos atávicamente programados para não causar desconforto no outro. ainda que esse desconforto seja traduzido numa agressão contida, reconhecemos ali não ação deliberada, mas o reflexo da nossa imperícia nos relacionamentos.

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

Em suma...

"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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