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19/03/2007

auster

ontem eu tive vontade de ir a uma boa livraria. não fui porque não gosto de sair de casa. aliás é interessante porque essa coisa de sair está intimamente ligada a uma preguiça crônica que eu tenho. por exemplo, quando eu tinha automóvel e motocicleta, eu andava muito mais por aí porque a motocicleta além de veloz é fácil de parar em qualquer lugar. detesto ficar dentro de um carro procurando um estacionamento ou vaga.

mesmo morando em copacabana, de motocicleta eu ia pelo menos umas três vezes à ipanema à noite para fazer um ronda pelas livrarias. pelo simples fato de que era prático. perdia um bom tempo em frente às bancadas olhando esse ou aquele livro e acabava comprando tanta coisa que, por fim, não lia mesmo porque não me interessava, porque comprava por compulsão.

terminada a leitura do último livro de paul auster, começo a reparar que em seus últimos três ou quatro romances ele vem buscando outra forma narrativa, bastante diferente do livro que eu considero o melhor, a trilogia de nova york, ele vem buscando uma forma - até mais apurada - que experimenta a narrativa dentro da narrativa, quando o personagem deixa de ser o principal porque lê outro personagem e este a outro, como num simples jogo de espelhos.

paul auster não é o melhor, mas é um dos autores modernos americanos com quem mais me identifico. ele ainda não se decidiu bem e escreve seus livros em paralelo com roteiros de cinama (que são sempre um fiasco). essa forma narrativa última de auster não é uma novidade. imagino que ele tenha se inspirado em garcia marques, vargas lhosa, borges, casares, calvino e outros (de língua hispânica).

mas os de língua hispânica, mesmo exercendo com maestria a literatura do absurdo, não escapam de uma armadilha banal que é contextualizar suas narrativas em ambientes ocasionalmente imagináveis em terras de espanha ou américa do sul e central. auster, por sua história de vida e inserção contextualizada e amalgamada na américa do norte, propõe espaços que realmente não dão pista de onde podem estar ocorrendo, em que parte do globo. seus [ultimos personagens estão invariavelmente presos num quarto ou seguindo uma vidinha ordeira do trabalho para casa e não reconhecemos o colorido local desse ou aquele lugar.

antes de tudo, não tenho dúvida de de que auster tem dois autores como referência: saull bellow e john updike, ambos judeus americanos que se sobressaíram no cenário intelectual ocupando não os espaço rigorosamente erudito, mas um terreno pantanoso que namora o popularesco (como stefan king) ainda que sendo inacessível ao popular (como 'dos passos' - um popular não lido). auster busca a cultura de massa através do cinema e gera um paradoxo porque nesse veículo ele não é aceito (ou por ser cult demais ou vagabundo demais).

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

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"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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