recebi um email muito interessante de uma menina falando da sua experiência nesses jogos virtuais. ela joga pesado, trabalha e namora numa determinada cidade virtual. é uma streeper (não sei como se escreve). ganha bem. pretendia comprar um apartamento num ponto bacana dessa cidade, mas acabou de ter uma reviravolta na sua vida.
arranjou um namorado que logo tornou-se seu noivo. ele tem um sentimento muito forte de posse e proibiu essa menina de continuar se apresentando com seus números eróticos. parece que ela ficou meio baqueada. começou a gastar suas economias. e é curioso porque além de tudo isso acontecer numa mundo virtual, ela em determinado momento consegue juntar dinheiro e em outros, fica completamente dura.
ela relacionou a sua vida, dita real, com a do seu avatar porque forneceu o número do seu cartão de crédito quando entrou no jogo e o que ganha lá, reflete aqui e o que perde lá, é prejuízo financeiro aqui. enfim, o que vale mesmo é a sua vida lá, on line, como ela explica e não essa daqui.
o que começou a criar um certo desequilíbrio nela é que lá, seu avatar começou a trabalhar com novas tecnologias e está agora trabalhando numa espécie de laboratório de jogos que permitiram a ela entrar num mundo virtual à partir de lá. bem entendido que o avatar que está lá, criou por sua vez um avatar para um outro passo no virtual. se olharmos do ponto de vista daqui, de fora dos computadores veremos que ela tem uma vida paralela virtual e que essa vida, por sua vez, criou uma outra vida virtual.
ela me conta que às vezes fica meio perdida e me pergunta algumas coisas. conforme já escrevi inúmeras vezes aqui, explico à minha confidente que não há nada de errado, que borges por exemplo, conseguiu conviver perfeitamente com seu mundo de encantamentos e sonhos e sociedades em dimensões paralelas. a possibilidade de vivermos em outras possibilidades e recriarmos a nós mesmos e a mundos ao nosso bel prazer, não importanto se o céu é verde ou se o mar existe em suspenso, entre o chão e as nuvens.
tudo é possível porque não somos pessoas como acreditamos mediocremente e sim, cérebros com possibilidades infinitas de alterar a vida, recriar, mudar, desfazer e fazer novamente. a mulher azul é tão normal quanto a loura, é apenas uma questão de dar uma certa paz a nossa capacidade de nos recriarmos (e à tudo) vivendo simultaneamente em vários mundos.
sugeri por fim a essa menina, que instale um grande espelho em frente ao monitor do seu computador e que olhe apenas para o espelho e jamais para a tela do monitor... assim, expliquei, o que ela está vendo não é o que é e sim um reflexo do que ela recriou, fazendo com que nada seja nada no final das contas. acho que é isso. precisamos desconstruir a vida para recontruí-la de forma saudável, ainda que não compreendida pela maioria das pessoas."
(retirado do Ex-Sobretudo)
16/03/2007
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- Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?
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