Ponto Final
Tenho um certo arrependimento de contar algumas coisas pessoais para certas pessoas, mas não chego a ter raiva. as pessoas vêm e vão mesmo e as melhores ficam, muitas. não posso me queixar. muita gente carinhosa comigo, que gosta de mim. muitos amigos. às vezes não dou conta deles por motivos pessoais, mas, amigos de verdade, relevam e estão sempre em contato, sempre ao meu alcance. e tem as pessoas que realmente estão fora desse meu grupo, pessoas de quem não sinto raiva porque imagino que sejam mesmo elas vítimas de si mesmas, de um certo travo amargo de suas personalidades que, infelizmente, as coloca numa categoria especial. mas, como disse, dou muita sorte. nos últimos três anos conheci apenas duas pessoas assim, ambas mulheres, ambas em busca de alguém. as duas passaram por mim e continuam (e continuarão) sozinhas. eu, que como todos, tenho lá tantos defeitos e tantas dificuldades, sinto-me aliviado quando essas pessoas se afastam. imagino o seus futuros (como imagino o meu).
como dizia, não tenho raiva. tenho pena. ambas mulheres com mais de quarenta anos, ansiosas por sexo (e vendo o tempo passar e pesar gravemente em seus corpos), ansiosas demais. uma, por motivos fortíssimos e mais do que justos, do que compreensíveis, impedida de um sucesso maior em sua profissão. outra, bem sucedida profissionalmente. seus fracassos vêm de antes. de um outro lugar. diria que nem é exatamente por seus corpos não despertarem atração. não. nem acredito nisso. são outras coisas, coisas mais profundas, espero que de origem psicológica (ficaria decepcionado se descobrisse que são fragilidades de caráter - tenho certeza de que não deve ser).
da minha parte, tenho grande parcela de culpa, por não terem se afeiçoado à mim. sou mesmo uma pessoa muito difícil, um comportamento diferente que realmente irrita, cansa. o fator que eu considero preponderante nessas relações frustradas é que não correspondi ao anseio maior: sexo. talvez por inabilidade, baixa virilidade, doença ou simplesmente por não me sentir atraído, a verdade é que neguei o sexo que essa pessoas queriam, precisavam. isso foi mortal. alegando outros motivos, afastaram-se de mim. é um alívio. desejo, sinceramente, que resolvam seus problemas em outras plagas, que se realizem verdadeiramente para serem, finalmente, completas. como eu tenho certeza de que não admitem nada disso, com certeza ririam com escárnio se me lessem. pena, porque, sem assumir suas próprias deficiências, essas questões não serão resolvidas no divã. eu poderia falar muito, mas muito mais... seria bobagem, perda de tempo.
agora, uma pessoa dizer na minha cara que tem pena de árvores derrubadas porque escritores escrevem coisas que não são boas, que boa é a pessoa que escreve uma tese e ganha o prêmio jabuti (não pela arte de escrever e sim pela pesquisa), putz, isso me irrita mesmo. imagino que hoje milhões de cadáveres deram cambalhotas nas tumbas. seguindo esse raciocínio primário, reles, pífio, ordinário, lima barreto, nelson rodrigues, joão do rio, drummond, fernando pessoa, wirgínia woolf e milhões de outras pessoas não deixariam seu legado artístico. estariam no mesmo limbo do esquecimento, na mesma sombra, dos que pensam assim.
mas eu entendo tudo. por desespero, para me agredir (ou agredir a qualquer um) somos mesmo capazes de falar absurdos. uns mais, outros menos.
ponto final mesmo.
como dizia, não tenho raiva. tenho pena. ambas mulheres com mais de quarenta anos, ansiosas por sexo (e vendo o tempo passar e pesar gravemente em seus corpos), ansiosas demais. uma, por motivos fortíssimos e mais do que justos, do que compreensíveis, impedida de um sucesso maior em sua profissão. outra, bem sucedida profissionalmente. seus fracassos vêm de antes. de um outro lugar. diria que nem é exatamente por seus corpos não despertarem atração. não. nem acredito nisso. são outras coisas, coisas mais profundas, espero que de origem psicológica (ficaria decepcionado se descobrisse que são fragilidades de caráter - tenho certeza de que não deve ser).
da minha parte, tenho grande parcela de culpa, por não terem se afeiçoado à mim. sou mesmo uma pessoa muito difícil, um comportamento diferente que realmente irrita, cansa. o fator que eu considero preponderante nessas relações frustradas é que não correspondi ao anseio maior: sexo. talvez por inabilidade, baixa virilidade, doença ou simplesmente por não me sentir atraído, a verdade é que neguei o sexo que essa pessoas queriam, precisavam. isso foi mortal. alegando outros motivos, afastaram-se de mim. é um alívio. desejo, sinceramente, que resolvam seus problemas em outras plagas, que se realizem verdadeiramente para serem, finalmente, completas. como eu tenho certeza de que não admitem nada disso, com certeza ririam com escárnio se me lessem. pena, porque, sem assumir suas próprias deficiências, essas questões não serão resolvidas no divã. eu poderia falar muito, mas muito mais... seria bobagem, perda de tempo.
agora, uma pessoa dizer na minha cara que tem pena de árvores derrubadas porque escritores escrevem coisas que não são boas, que boa é a pessoa que escreve uma tese e ganha o prêmio jabuti (não pela arte de escrever e sim pela pesquisa), putz, isso me irrita mesmo. imagino que hoje milhões de cadáveres deram cambalhotas nas tumbas. seguindo esse raciocínio primário, reles, pífio, ordinário, lima barreto, nelson rodrigues, joão do rio, drummond, fernando pessoa, wirgínia woolf e milhões de outras pessoas não deixariam seu legado artístico. estariam no mesmo limbo do esquecimento, na mesma sombra, dos que pensam assim.
mas eu entendo tudo. por desespero, para me agredir (ou agredir a qualquer um) somos mesmo capazes de falar absurdos. uns mais, outros menos.
ponto final mesmo.

4 comentários:
Caio Fernando Abreu, Ana Cesar, Clarice Lispector, Otto Lara Rezende, Rubem Braga, Baudelaire, Shakespeare... estou pensando no movimento dos túmulos que vc menciona, Geraldo.
Bem... quanto ao mais que vc escreveu, que bom que vc tem bons amigos. Um bom final de domingo! Beijo.
Em compensação, o ilustre literato Gabriel o Pensador, ganhou o prêmio Jabuti com "um garoto chamado Rorbeto". Dãããã
Taí uma árvore que eu não queria ser: esta que Sergio acabou de lembrar. Puxa. Que coisa...
Pois é... hehe
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