Queda
Certo. Falseio mais uma vez e vou de encontro ao nada já que esqueceram (mais uma vez!) as redes protetoras. Caio em câmera lenta como rezam os bons filmes (e os maus também - essas cenas são sempre iguais). Venho caindo lentamente, no início buscando débil algum ponto onde me segurar, algo que me impeça a queda e por fim meu corpo se entrega como num sacrifício pagão. Percebo a lona colorida do teto - que esteve tão próximo a mim nos últimos segundos - e constato que essa lona se afasta, como se ela estivesse caindo para cima, afastando-se do meu corpo e indo espatifar-se na lua talvez.
Na queda, junto com parte da minha alma e do meu amor ferido, perdi também o nariz de borracha vermelha que sempre faz tanto sucesso junto às moçoilas que sentam na arquibancada ali, muito próximas ao picadeiro.
E já que ele é individual, agarro-me ao instante, no átimo de racionalismo e vida, de coração pulsando em desassossego jamais pela expectativa do final da queda, mas pela posssibilidade de não estar acontecendo assim, exatamente daquela maneira, a possibilidade de aluinação (embora não saiba se a queda seria a alucinação ou chamar a queda de alucinação é que seria esta sim, alucinação). Se fosse horário de espetáculo, pelo menos o público saberia a resposta.
Um comentário:
Muito bons, post e blog.
Outras visitas virão...
Abraços!
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