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22/08/2007

Marcando encontros nos céus

o que acontece é um profundo desvão, uma notícia falaciosa ou um desencontro de horários e timings. não sei qual das coisas pesa mais, todas me pesam igualmente, todas me são caras como se fossem gêmeas e tivessem parido a si mesmas. mais ou menos como o desconforto de não encontrar uma posição aceitável na cama, daquelas que te permitem dormir, permitem que você atravesse o túnel de tempo entre um dia e outro e te faça acordar tranqüilo apenas o bastante para enfrentar tudo o que vem pela frente, todas as páginas em branco que terão de ser preenchidas, todas as páginas da novela que deverão ser lidas (é verdade, releio essa novela obcessivamente - mas não é a primeira que me causa essa angústia existencial. (Como? Não é angústia existencial? Mas é claro que é, é claro que todas as coisas estão ligadas umas as outras e, exatamente por elas, a vida, muitas vezes, perde um sentido mais exato em troca de alguma coisa que não sabemos definir, coisas que nos embaralham não apenas a visão, mas o sentimento de estar conexo - que nos é tão caro!).
isso não explica tudo, mas explica algumas observações e trocas, trocas de espaços, tendências não exatamente novas, mas tendência a que alguma coisa fique diferente, algo como desejar criar uma obra de arte, mesmo que não seja, mesmo que seja nada, que seja comum, mas que a gente entenda como tentativa, como reciprocidade do outro, daqueles em quem estamos pensando enquanto fazemos.
tudo isso porque a volta me angustia, porque existe algo de bom naquilo que está escrito e porque, ao mesmo tempo, sei que não devo frequentar, não devo me cativar, assim como uma tia não se permitia escutar os discursos do lacerda porque não gostava dele, ele não prestava para ela, mas ela tinha medo de se deixar cativar pelo discurso que, reconhecia, era extremamente vigoroso e sedutor. existe um canto da sereia no ar. um canto vigoroso que seduz, mesmo a gente já sabendo que aquilo vai dar em nada, mesmo com a experiências fracassadas do passado.


Ou Não


o tempo nublado não diminui nem aumenta o desconforto e a impressão de uma certa solidão que não deveria existir. o tempo é apenas o que vejo, apenas o que está a meu alcance, o que se mostra e permite que eu deduza coisas, mas deduzir é muito pouco para mim, deduzir não é falar, não é escutar a voz nem ler o que você escreveu. sim, você que deveria estar escrevendo e respondendo a tudo porque nada é falado nem perguntado à toa, tudo tem um motivo, um momento, uma situação está inserida e não perceber isso seria mais ou menos não me perceber ou, me perceber como alguma coisa "a mais" entre as coisas, o que, definitivamente, não sou e todos sabem disso - principalmente você. porque se é por trocas de cartas não se deve sentir menos, já repeti um milhão de vezes em teu ouvido que todas as grandes coisas, todos os grandes lances e as grandes aventuras de amor ao longo da história foram marcadas principalmente por uma intensa troca de correspondências que permitiam à cada um conhecer e desejar mais o outro, cada um viver em seu canto como deus quis sem perder contato, sem deixar de sentir que o outro estava lá, além mar, mas existia em toda a sua plenitude (para um e para outro).
poderia me valer das cartas abertas, mas só se fosse uma situação imprevista, uma novidade, uma revelação ao você, uma maneira não imaginada ainda, não dita ainda. quando se diz, é assim e mais não sei o quê, não há mais necessidade de nominar, não há necessidade de nada porque só existe um e cada um sabe que o outro é o um ao contráruio, o outro é o um dele.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse texto est� muito bonito. Mas penso que � improv�vel a aplica�o pr�tica no mundo atual da id�ia que ele trata.

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

Em suma...

"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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