não me recordo d'a insustentável leveza do ser". sei que gostei muito e que é o melhor título que eu conheço. não pensava nisso há anos, como se milan kundera jamais tivesse existido.
há seis dias esse nome está transitando em minha cabeça, ora de forma oblíqua, ora fugaz.
não sei bem o que a frase quer dizer nesse momento para mim, mas creio que "leveza" e "insustentável" sejam o código inconsciente que me impulsiona. a leveza do meu ser será insustentável?
mais uma noite que não dormi. essa história ficou na minha cabeça e eu dei voltas na cama e visitei a cozinha como um larápio em busca de enormes copos de leite. preferi acreditar que estava assim acordado por causa de uma forte dor no ciático - recorrente e específica, mas que tem uma explicação - dor que não me deixava em posição confortável. de vez em quando eu minto para mim. de vez em quando não, amiúde.
no escuro, pensava em como fomos dormir, essa experiência de leveza extremada que aproxima corpos no éter.
fiz uma pesquisa profunda dentro de mim, percorri estradas abandonadas há muito tempo e chequei cada uma das placas identificativas. fracassei porque o sentimento suplanta o pensamento e achei que todas as indicações estavam invertidas ou apagadas pelo tempo ou ainda depredadas por esses últimos anos. mas é uma análise sem sustentação - porque sentimental.
a leveza sucumbiu a um incômodo, ao da perda. por um instante, irracionalmente, desejei que não houvesse a possibilidade do outro ainda que meu movimento seja insustentável.
fui e voltei nessa história, terminando sempre numa bifurcação 'amoropsicológica'. insustentável...insustentável. eu sei que não sou, mas posso realmente parecer insustentável para um coração menos atento. a dor não me deixou ficar deitado e passei a noite numa cadeira. andar também dói muito. fiquei mais restrito ainda. comecei a pensar então, se ela estaria dormindo em paz. queria que sim, mas e se não estivesse? eu não deveria ligar? loucura, claro que não.
o jornal chegou com o clarear do dia e dispus-me a lê-lo não em busca de notícias, mas em distração para o espírito... em vão. no meio das matérias eu me pego pensando em outra coisa e volto ao início da notícia. assim, ininterruptamente. ok, jogo o jornal longe e tomo um bule de café. o telefone celular queima nas minhas mãos. insustentável? posso tomar uma bebida ou um tranqüilizante (opto por este). quero ler uma tese de doutorado, mesmo tendo sido feita para outro.
seria preciso ter o controle temporal e da espacialidade para colocar as coisas nos seus devidos lugares e começar pelo princípio. é a utopia do semi-deus jeka querendo moldar as histórias, pretensão natimorta, fadada ao fracasso e escárnio. tenho o futuro incerto (sem garantias) e o presente que, ao nascer, torna-se passado, escorrendo entre meus dedos. tudo o que vivi foi ontem, passado. mas tem uma coisa boa: uma revolução interna, uma decisão - ainda que adiada - de transpor limites e me entregar ao que ela diz ser meu.
logo, logo cheia o dia da psicoterapia e poderei detalhar um salto procurado há anos e não concluído apesar de todo o avanço da Farmácia. hoje não, estou aleijado numa cadeira ingerindo pílulas de codeína que vem da morfina para segurar a barra enquanto acredito que ela está no cinema que me propôs e não fui. volto já
21/02/2007
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Atenção
- G
- Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?
Em suma...
"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
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