Universo curvo, finito

a possibilidade da desistência. a possibilidade de vencer a primeira barreira. o dilema interno. o homem é o bicho do homem. sou então meu próprio bicho, a fera que me devora, que se auto-devora.
mas esse devorar do per-si é bloqueado pelo instinto na mente lúcida... a imprecisão conflita com a precisão do consciente, seu algoz e, ao mesmo tempo, libertador. como propõe o judeu philip roth num de seus livros, existe a consciência e a possibilidade da diáspora. o retorno do povo de israel à europa é um hipótese citada - justamente baseada numa certa corrente que já retornou para a europa.

devolver o estado palestino, abandonar a terra prometida e migrar para suas origens (não metafóricas, mas reais, de fecundação) é um processo tão longo e controverso que jamais será posto em movimento. e parece que esta metáfora se aplica a mim, diretamente ao cérebro que dá braçadas poderosas em busca do porto perdido.

deixar a tosca jangada dos arrabaldes do ceará para, em mar aberto, embarcar no transatlântico atômico é o dilema existencial não filosófico e sim a fisioterapia do tetraplégico malabarista.
sexo, drogas & video tape foi um marco cinematográfico por olhar de frente os arquivos corrompidos da mente de um jovem. seria preciso revisitá-lo.

não tenho tempo. tive todo o tempo do mundo e agora, essa garra cravada no meu coração, é real, está ali na esquina, ela mesma com todos os seus dilemas (não racionalizados). o sol estará à pino quando se iniciar o espetáculo teatral e ela vai se manter ereta na poltrona, sentindo a mordida que levou na alma.

o lobo sem dentes e garras circundará toda a sua floresta - que agora se mostra de gravetos e adereços de isopor. a alegoria do ser, por suas fendas, deixará à mostra essa estrutura comezinha de ferro soldado num barracão de escola de terceiro grupo. o suor das mãos não tem charme, antes um certo enfado da repetição de frases e anseios, a monotonia do trajeto num universo curvo, que se encontra no final dos tempos.