com a absoluta intenção de diminuir uma dor legítima, justa, condizente com a responsabilidade e a sensibilidade de uma pessoa eu, além de não minimizar o sentimento, passei a impressão de um certo desconhecimento sentimental/emocional que norteia a vida de pessoas que, como eu mesmo, devotam ao trabalho não apenas um certo modo dedicado, com vêm no resultado prático da sua ação a constatação de sua (nossa) capacidade de imprimir qualidade ao que é gerido.
vítima de uma aguda dor de dentes, não tive a sensibilidade de responder a um anseio que é o de todas as (poucas) pessoas que se envolvem com o que estão produzindo. minimizei exatamente o que não admito que minimizem quando reclamo das dificuldades de realização. ou seja: fui rasteiro.
o que me incomoda nessa história é que não sou rasteiro como demonstrei, apenas não tive o tato necessário, usei as palavras erradas, não falei com o sentimento, achando que poderia levar a ela algum alívio, deixando na verdade, a errada impressão de que 'não adiantaria falar comigo de uma coisa que não estou entendendo'. são pequenos curto-circuitos sentimentais e intelectuais que, ocorrendo em momentos externamente críticos, demandam uma impressão e sentimento totalmente equivocados.
e mais: essas coisas não tem conserto. falou, tá falado, como um infarte de somenos importância mas que é resgistrado pela sensível agulha do ECG. isso me aborrece em especial, por partir de mim que tenho consciência absoluta dessa sensibilidade, desse todo... mas não altera mais.
fica como uma mácula gravada na minha trajetória, ação.
é preciso, portanto, me permitir voltar a ser o que realmente sou, em estado de sentimento puro, afastando as defesas naturais que nos driblam dos abismos. em retrospecto, percebo que muitas vezes estou agindo não como eu mesmo, mas como a pessoa que precisa relativizar as coisas e dar continuidade à produção intelectual, ainda que esteja fraquejando por dentro. são atividades muito diferentes, é claro, mas a capacidade de manter o sentimento à frente é igual e mais não posso explicar.
fico triste por ter me minimizado. acho que isso é o triste resultado de um espírito que ouve há dezenas de anos que as coisas têm que seguir em frente e que os sentimentos... bom que eles sejam descarregados nos cadernos manuscritos madrugadas à fora ou pincelados nos blogs onde as pessoas não imaginam do que realmente estamos falando. embrutecimento, enfim...
e como, agora, dizer que não sou um bruto? não há como: sempre restará a lembrança, ainda que ínfima, da primeira reação à proposta legítima, colocada para mim, exatamente por eu ser eu.
fiz o que qualquer um faria. não fui eu mesmo, ainda que a intenção tenha sido boa, porque de bem intencionados, o inferno está cheio.
05/03/2007
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- G
- Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?
Em suma...
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