publicado aqui e lá com uma diferença
está presente no meu adormecer, sonho, e despertar. percebê-la de pijama deitando e levantando, falando comigo ou pensando será a rotina da vida porque quando não estiver presencialmente estará aqui. acho que nisso o fato da aliança é simbólico, uma forte evidência, uma forma importante de coisificar algo invisível. talvez exibição e orgulho sim! embora ache que não me fiz convencer.
muito engraçado como ela dá passos à frente sem que eu complete os meus. gosta de brincar de gato e rato... mas não... sou um homem enraizado na terra. por enquanto não quero ir a lugar nenhum, nem a paquetá. isso é novo para ela. não faz mal. por outro lado, tem essa coisa de eu abrir as minhas possibilidades, me permitir pensar no assunto, coisa que eu não admitiria de nenhuma maneira há um mês atrás.
faço não por ser legalzinho ou pelo sucesso da terapia indicada, mas por instinto, necessidade de ver o mundo com outros olhos, de, dentro do possível, estar perto dela. e também não são ciúmes. é vontade mesmo, de boa cepa, da genuína. lembro de georgiana me contando da profunda capacidade de vinícius em mudar de opinião. mesmo admirando-o, nunca entendi bem essa abertura para suas mudanças, pelo contrário, sempre o critiquei com uma ponta de mágoa, como se ele estivesse me traindo pelas coisas que dizia.
comparação idiota, quem sou eu perto do poeta? mas, repito, falo da narrativa da sua filha para mim numa noite de muito antigamente no antonio's (pago pela produção, bem entendido). essa conversa foi gravada e a utilizei no documentário que fiz um tempo depois.
ela gosta de rua e eu não... de esporte e eu não... de andar por feiras e similares e eu não. não gosta de beber e eu goto, odeia cigarros e eu fumo desbragadamente, procura estar cercada de companhia de eu da mais dissoluta solidão.
mas as coisas mudam e se embaralham. fiz questão que ela me desse seu livro, que está sempre ali, ao alcance da minha mão, mas não consigo ler porque, desperto, tenho uma necessidade enlouquecida, como um vício em crack, em vir para cá e escrever.... para ela. e, nesse ponto, acho que nossos encontros não vão interferir na relação on line porque, quando não estivermos juntos, estaremos aqui.
é o que eu chamaria de uma doce prisão, dessas em que o carcereiro abre a porta da jaula e te manda sair, mas vão não se mexe, não sai nem arrastado. entendo que repita a máxima de que não podemos deixar isso cair, que depende da ação de cada um dos nossos dias. entendo, mas não concordo; esse preceito é aplicável às paixões e amores comuns e não como o nosso que é um regar, um cuidar instintivo e não uma atitude de prevenção.
pensei em neruda, pessoa, espanca, white, mallarmé e outros, mas termino por voltar ao poetinha porque ele, mais do que escreveu, mostrou na prática como se dá esse amor desmesurado, exagerado. é uma ilusão tola acreditar que sentimentos assim chegam e passam, como nuvens passageiras. não é simples assim.
dos ciúmes: sim, tenho muitos ciúmes. acho que já escrevi por aí sobre eles. são do modelo maior, mais complexo, porque não existe apenas um objeto. é um ciúme genérico, impalpável, ciúme do objeto em si, do per-si, do passado, do tempo. mas não é doentio, pode relaxar. é um ciúme da vida que atrasou esse encontro, ciúme da sociedade que priva da sua convivência. portanto, um ciúme único em mim, que só eu mesmo posso conviver porque não há nada que ela nem ninguém possam fazer para minorar. mas isso não me importa. não me machuca propriamente.
não me resta muita coisa a fazer a não ser viver. vivenciar em cada vão momento, doar-me não como um projeto, mas como a realidade é: a doação do amor, essa atitude desfrustrada por muito poucos. os que acham possessivo, babaca, tolo e essas coisas todas devem estar ao meu redor sem coragem para verbalizar. também não me interessa.
pergunta de já houve outra B. e digo que não sei porque a minha memória é mesmo bem ralinha, mas com calma, me recordo e não, não teve outra. como não tenho em mim o metafísico, não vejo nisso sinal de nada. poderia se chamar qualquer nome. poderia ter qualquer profissão, mas não posso mentir e negar que gosto que seja o que é. ser o que resolveu ser, estimula em mim determinadas poções obscuras do cérebro.
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