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18/03/2007

grito?

rapidamente surgiram as perguntas vindas de várias ferramentas indagando porque a imagem do quadro O Grito está em todos os meus sítios. essas perguntas trazem em si o aval do desconhecimento de mim. preciso escrever isso escolhendo bem as palavras para não ser ofensivo com pessoas que são sempre muito carinhosas comigo.

mas também não posso calar. como é possível que se freqüente este ao aquele sítio e não se perceba, não nas entrelinhas, mas de forma clara, conclusiva, absoluta que estou o tempo todo gritando? o grito, bom que se diga, fez parte do meu show durante a minha vida inteira. em nenhum momento, nenhum, deixei de gritar.

olhando com um pouco mais de atenção à minha volta, percebo mais. percebo sim, que a maioria das pessoas está gritando. cada um escolhe suas maneiras, seus modos, sua possibilidades de gritar. conheço uma menina de são paulo que grita transcrevendo receitas culinárias, um homem que grita publicando fotos eróticas, gente que grita falando que lanchou no shopping da gávea.

porque é assim: o grito não é o signo do desespero. antes, o grito é a condição primal e primordial do homem. o homem que vive, grita. posso falar do inquilino de polansky ou de gritos e sussurros do bergman ou do grito jeka do macunaíma. existem outros gritos mais bem embrulhados, gritos dados com o olhar, dados com o sono profundo, com a rotina provinciana do barnabé.

o grito, me parece, é a condição mínima exigida dos viventes, não pelo grito propriamente, mas, antes, pela necessidade instintiva do vivente de não se conformar com a sua 'insustentável leveza do ser', não se conformar com a finitude, com a solidão, com a pulsão. é uma sucessão de gritos, uns atrás dos outros, alguns audíveis ou visíveis, outros amorfos e silenciosos.
fico imaginando que o grito é a única coisa em comum entre os homens e possivelmente, esse frito em especial, diferencie homens de animais.

daí, de onde vem o espanto diante do grito?

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

Em suma...

"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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