Geraldo Iglesias*

logo que sento em frente ao computador e leio a mensagem num outro sítio que me faz doer muito o coração (muito mais do que se imagina, mas isso é outra história), recebo o mail do roteirista me consultando sobre a viabilidade (dessa vez pra valer! grifo dele) da proposta (que eu mesmo caí na besteira de inventar) do tema 'anos 60'. respondi de imediato que não sei.

mas não é verdade. o que acontece é que preciso ganhar tempo para continuar as tratativas com o nelson motta, o geraldinho carneiro e o tárik de souza. muito menos posso dizer que estou eu mesmo alinhavando o roteiro, já tendo jogado três propostas de tratamento na lixeira. a pessoa que cuida diretamente da pauta, trata a coisa de forma simplista com a alegação que nesse mesmo programa foi feita no passado a pauta 'anos 80' sem maiores complicações.

discussão inócua, dessas que eu pulo fora feito pipoca. se mais não fosse, como comparar os anos 80 com os anos 60? assumo então o ônus de adiar a proposta, colocando outras pautas em votação e atrasando o calendário da produção. vou ganhar todo o tempo que achar necessário e para isso, usarei todos os métodos ao meu alcance (politicamente corretos ou não, pouco me importa - desisti de ser um cara ético)

se, no final das contas, eu concluir que a proposta pode resultar num fiasco estético ou de conteúdo, enterrarei a idéia com a mesma sem cerimônia com que a trouxe ao mundo. infelizmente, em alguns momentos, sou testado ao extremo, colocado contra a parede e, nessas horas em especial, vem à tona uma parte de mim que luto ferrenhamente para manter abissal, um exterminador feio que, além de tudo, antes de tudo me extermina, tritura.