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07/03/2007

Releio trechos de baudrillard agora com a notícia de sua morte. interessei-me por ele há muito mais de dez anos quando ainda engatinhava com negroponte, gilder e bourdieu, sufocado pelo prolixo manuel castels e aproximando-me de steven johnson por causa do seu volume 'cultura da interface'. Foi uma época de turbulência para mim que escrevia o capítulo sobre novas tecnologias (que depois seria incorporado pelo governo fernando henrique) na redação final no tocante dessas tecnologias aplicadas definitivamente ao modelo de televisão pública.

foi o momento que o paradigma da tv cultura de são paulo ruiu estrondosamente e o M.G. (hoje diretor dessa mesma Tv Cultura) me incentivava a criar o que depois chamei de plataforma virtual na TVE do Rio. à época eu contava apenas com um calhamaço de livros e artigos referentes ao modelo da BBC de londres, uma teoria perfeita para lá, mas fadada ao fracasso absoluto, se tentada aqui.

eu tinha então que estudar sozinho e escrever desordenadamente tudo o que ia nascendo porque, ao lançar a proposta, de certa maneira obriguei-me a dar conteúdo e forma a uma coisa que simplesmente não existia no brasil. todos os meus primeiros ensaios foram descartados por serem utópicos, 'delirantes'.
as gerências de informática se sucediam na empresa e todos os responsáveis, donos das chaves do cofrinho dos computadores riam da minha incapacidade de entender a realidade daquele momento.

eu tinha que correr ou ia sucumbir rapidamente. a mulher de um amigo, ela dona de contatos importantes, me levou para a embratel possibilitando que eu falasse com um pessoal mais de ponta. esse momento do ponto de vista prático, executável foi fundamental enquanto, em paralelo o diplomata d'ângelo me abria horizontes com giane vattimo, teórico como baudrillard, das comunicações.

a banda larga era monopólio da embratel que não se entendia com uma estatal que estava se tornando uma empresa pública ( a minha) e fiquei um tempo num trabalho de convencimento bilateral e de contra espionagem no que se referia à possibilitação/viabilização de idéias consideradas de 'ficção científica'. parece que só umas três pessoas de peso apostavam no meu projeto, mesmo assim, com um pé atrás.

mas a coisa começou a andar por onde eu menos esperava. troxeram o alberto dines de são paulo para tornar o seu observatório da imprensa virtual num programa de televisão. ele estava aberto às propostas dos realizadores da televisão (admitia que não conhecia nada do veículo e estava disposto a se adequar)... aconteceu então que as equipes que foram montadas para realizar o programa dele não estavam capacitadas e ele pulou, reagindo com muita propriedade, ao que seria a aniquilação do seu projeto.

assim criou-se um impasse. haviam patrocinadores na história e a notícia da migração do observatório para uma televisão aberta já tinha se espalhado. eu na época ocupava todo o sexto andar da emissora, cercado de livros, papéis e duas pessoas que embarcaram na minha, mas não viam mesmo salvação. e, por meios transversos, o M.G. me chamou para desembaraçar a história do dines que se arrastava.

ainda que cauteloso, o dines cedeu às minhas propostas e, finalmente após pequenas escaramuças e a contratação de um maluco fera em computação, colocamos o programa no ar, com o plus que era a participação do programa, ao vivo, via web cam (com linha discada!), de estudantes de jornalismo que se amontoavam em torno de um computador nas universidades. claro que a coisa era a mais mambembe possível, mas quando a primeira participação entrou, mesmo canhestramente, com toda a dificuldade e lentidão das conexões da época, eu provei aos meus detratores que era possível a verdadeira convergência de mídias.

foi na verdade o pontapé inicial para o que anos mais tarde, em outra gestão política, se tornaria o maior portal de conteúdo e utilidade pública da américa do sul, na época maior do que é o globo.com hoje. saltarei muitas etapas que posso relatar depois, com mais vagar, para dizer que gerenciar aquela coisa era desgastante, a eterna luta do homem de ideal versus o estado paralítico (e paralizante) e, anos depois, já no governo lula/dirceu/chavez, (como me alertou o olavo de carvalho quanto ao patrocínio das farc), capitulei à manobras políticas trotskistas. hoje a home page é do tamanho ideal para os (até eles agora extintos!) países comunistas do leste europeu.

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

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"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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