não lembro o nome de um filme em que uma criança nasce, é criada e vive sem saber que participa de um show ao vivo. uma dia, ele está velejando e, num determinado momento seu barco bate na parede azul do fundo infinito cinematográfico.
de um controle mestre, um diretor comanda todas as etapas do espetáculo.
e tem aí a história dele, o drama, a trama e tal.
fui buscar essa lembrança lá atrás, no fundo do meu inconsciente, nessa tentativa desesperada
fui buscar essa lembrança lá atrás, no fundo do meu inconsciente, nessa tentativa desesperada
que estou vivenciando de recolocar o que sou eu e o que é um outro eu. concluído meu bule de café preto matinal acompanhado de comprimidos de lexotan, vejo uma analogia de roteiro cinematográfico: como no filme, eu sou o diretor do eu personagem. até aí tudo bem, gosto de escrever histórias e talvez, sem querer, tenha plagiado essa. sendo assim, seria uma manifestação artística bem ou mal realizada (dou a palavra aos críticos).
como venho me repetindo à exaustão - porque uso a escrita como um espelho, para minha própria análise), a história se complica porque eu sou um criador de personagens e criaturas no cinema, na televisão e nas novelas de baixa qualidade que escrevo e guardo, mas jamais um criador de um outro eu. mesmo o alter-ego eu tenho, mas ele é consciente e me proporciona desenvolvimento intelectual e diversão (como na época em que escrevi um blog como sendo uma mulher e me correspondia com outras e outros, tudo sob controle)
nesse momento, somente duas coisas trariam a minha redenção: ou o metafísico ou a esquizofrenia. em busca do metafísico já estou há mais de quarenta anos, com investidas pesadas em todas as áreas (até mesmo a teologia), mas foi um fracasso retumbante. sou um ateu empedernido.
restaria a divisão de personalidades, a cisão do eu abençoada pelo diagnóstico da esquizofrenia. procurei esse consolo em vários profissionais da área, mas nenhum, nem de longe, reconheceu
esse diagnóstico... a esquizofrenia traz em si um comportamento totalmente, radicalmente oposto ao meu, além de ser diagnosticada em 99,9% dos casos nas pessoas até os trinta anos de idade.
resta uma terceira via: sou um filho da puta da pior espécie que goza em iludir pessoas, enganar, ser vil para depois deliciar-se no banquete da decepção e do sofrimento alheio. como é uma possibilidade, mergulho em mim profundamente, em busca dessa fera devastadora para derrotá-la ou, sucumbindo, assumir para mim mesmo de que ela está lá... de uma certa maneira, ser essa fera me traria alívio, paz... sucumbo novamente ao não encontrar esse mosntro. ele não existe realmente.
fica então um travo amargo na garganta, uma inconcretude existencial dessas que levariam uma mente doentia e propensa ao suicídio, como forma de dar fim a um processo doloroso e sem cura. aí também a coisa não funciona porque não tenho o menor encantamento, a mais remota possibilidade de ver na minha destruição uma alternativa razoável.
nos últimos dias tem saído nos jornais matérias sobre um homem que construiu seu barraco ( e com garagem! rs) no meio de uma lagoa poluída. ele existe, é real, mas não atraca em qualquer das margens. as autoridades se dividem sobre se ele é um impostor ou um louco. de uma forma ou de outra ela é expelido da sociedade ao contrário da população de rua que habita ordeira ou desordeiramente as ruas das cidades. louco mendigo na calçada pode, na lagoa poluída, não pode.
não creio que seja uma comparação razoável para o que trato aqui, mas é um fato que acontece.
israel pedrosa, autor de. "da cor.... à cor inexistente" é percebido mundialmente como um gênio, um estudioso profundo, definitivo da estética das cores. ele é reconhecido por todas as entidades de ensino e de pesquisa superior por todos os países do mundo. Mas ele vive sozinho e não sai de casa há dezoito anos!
eu não seria tolinho de ficar aqui enumerando casos isolados de neuróticos pois não me resolve em nada e, de perto, ninguém é mesmo normal.
restaria ainda o alcoolismo e o consumo de drogas pesadas como forma de atenuar o que não tem explicação e, mais uma vez, não estou nesse grupo!
o que resta então é a psicoterapia, a participação em grupos virtuais de pessoas com agorafobia e os medicamentos que a ciência descobriu. tudo muito bom, tudo muito bem, mas o fato está ali, exposto, irredutível na sua não forma, na sua insustentável teoria, na sua não menos frágil percepção do que poderia ser, mas não é.
como venho me repetindo à exaustão - porque uso a escrita como um espelho, para minha própria análise), a história se complica porque eu sou um criador de personagens e criaturas no cinema, na televisão e nas novelas de baixa qualidade que escrevo e guardo, mas jamais um criador de um outro eu. mesmo o alter-ego eu tenho, mas ele é consciente e me proporciona desenvolvimento intelectual e diversão (como na época em que escrevi um blog como sendo uma mulher e me correspondia com outras e outros, tudo sob controle)
nesse momento, somente duas coisas trariam a minha redenção: ou o metafísico ou a esquizofrenia. em busca do metafísico já estou há mais de quarenta anos, com investidas pesadas em todas as áreas (até mesmo a teologia), mas foi um fracasso retumbante. sou um ateu empedernido.
restaria a divisão de personalidades, a cisão do eu abençoada pelo diagnóstico da esquizofrenia. procurei esse consolo em vários profissionais da área, mas nenhum, nem de longe, reconheceu
esse diagnóstico... a esquizofrenia traz em si um comportamento totalmente, radicalmente oposto ao meu, além de ser diagnosticada em 99,9% dos casos nas pessoas até os trinta anos de idade.
resta uma terceira via: sou um filho da puta da pior espécie que goza em iludir pessoas, enganar, ser vil para depois deliciar-se no banquete da decepção e do sofrimento alheio. como é uma possibilidade, mergulho em mim profundamente, em busca dessa fera devastadora para derrotá-la ou, sucumbindo, assumir para mim mesmo de que ela está lá... de uma certa maneira, ser essa fera me traria alívio, paz... sucumbo novamente ao não encontrar esse mosntro. ele não existe realmente.
fica então um travo amargo na garganta, uma inconcretude existencial dessas que levariam uma mente doentia e propensa ao suicídio, como forma de dar fim a um processo doloroso e sem cura. aí também a coisa não funciona porque não tenho o menor encantamento, a mais remota possibilidade de ver na minha destruição uma alternativa razoável.
nos últimos dias tem saído nos jornais matérias sobre um homem que construiu seu barraco ( e com garagem! rs) no meio de uma lagoa poluída. ele existe, é real, mas não atraca em qualquer das margens. as autoridades se dividem sobre se ele é um impostor ou um louco. de uma forma ou de outra ela é expelido da sociedade ao contrário da população de rua que habita ordeira ou desordeiramente as ruas das cidades. louco mendigo na calçada pode, na lagoa poluída, não pode.
não creio que seja uma comparação razoável para o que trato aqui, mas é um fato que acontece.
israel pedrosa, autor de. "da cor.... à cor inexistente" é percebido mundialmente como um gênio, um estudioso profundo, definitivo da estética das cores. ele é reconhecido por todas as entidades de ensino e de pesquisa superior por todos os países do mundo. Mas ele vive sozinho e não sai de casa há dezoito anos!
eu não seria tolinho de ficar aqui enumerando casos isolados de neuróticos pois não me resolve em nada e, de perto, ninguém é mesmo normal.
restaria ainda o alcoolismo e o consumo de drogas pesadas como forma de atenuar o que não tem explicação e, mais uma vez, não estou nesse grupo!
o que resta então é a psicoterapia, a participação em grupos virtuais de pessoas com agorafobia e os medicamentos que a ciência descobriu. tudo muito bom, tudo muito bem, mas o fato está ali, exposto, irredutível na sua não forma, na sua insustentável teoria, na sua não menos frágil percepção do que poderia ser, mas não é.
Um comentário:
O filme é O Show de Truman. O único filme com o Jim Carey que eu vi e gostei. Acho que mais por causa do Ed Harris.
Esse livro do israel estava esgotado e valia uma nota. Agora foi relançado e continua caro pacas. :)
Abraço! e veja se toma jeito. hehe
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