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04/04/2007

emoção e choro contido







o que diferencia um ataque cardíaco de uma crise de pânico?

indefinição. talvez seja essa a palavra. talvez não. não sei mesmo. fico rodando aqui dentro de casa, folheando o jornal que não diz mais nada e relendo trechos de livros que me estão distantes. em muitos momentos, a almejada solidão torna-se opressora. acendo um cigarro para pensar melhor. em que lado da história eu estou? sinceramente, não sei.
por um jeito estranho ser, encontro-me em várias situações, refém de um solidão que oprime, não pelo que ela representa.

estabeleci uma pequena confusão porque esse rascunho está sendo retirado de um caderno manuscrito, onde uma torrente de escritos muito emocionais não tomam forma ao migrarem para cá. talvez só lá, essa sensação seja clara. vou descobrindo que a emoção exige terreno fértil e apropriado para se desenvolver e ser percebida.

falando ontem à partir dos diários de virginía woolf, depois de relutar, fui voto vencido na discussão sobre a necessidade do diário manuscrito. imaginei que ele era obsoleto, mas, como me provaram, não é. (e aqui edito e inverto os parágrafos)

"o que me assusta um pouco é perceber que não existe um outro ali na frente. imagino que seria fácil se o outro ator da história estivesse ali, esperando a minha deixa para entrar no palco. mas, invariavelmente, o que eu percebo na coxia não é o outro, o que espero, mas um outro randômico, que por se definir como 'eu também existo', torna-se especial e inacessível a mim.
na medida em que acredito que todos existem, o homem que se anuncia como um existente não reconheceu em mim a percepção mínima. se o ator precisa me dizer que existe, está dizendo que não seria capaz de reconhecê-lo e assim que realmente quem não existe sou eu."

insisto em que trato aqui de emoção, de choro contido, de material tão particular que termina por não ser reconhecido em mim. o que se tem de mim é esse espaço que não sou eu, é apenas o meu porta-voz. e a confusão, o não me ver, vem exatamente dessa manipulação que fiz da realidade, do reflexo ilusionista de mim que projetei. da minha fixação ancestral no jogo de espelhos.

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

Em suma...

"Em suma, namorei o diabo sem ter coragem para ir até o fim"
Sartre

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