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03/04/2007

Henry Sobel




o lamentável acontecimento com o rabino henry sobel foi tratado pelos meios de comunicação (todos, inclusive muitos blogs de gente pacata e politicamente correta) de forma açodada e, reconheço agora, depois de eu mesmo tripudiar aqui, sem a análise devida ao fato. Mas é importante compreender que esse tipo de notícia no momento atual, da velocidade da informação, tende mesmo a gerar uma interpretação errônea na sociedade. São muitos os motivos. Posso falar de um ou dois.

a pressa de publicar, de entrar 'ao vivo' daqui e dali, a necessidade da velocidade da informação, se não impede que ela seja checada como reza qualquer cartilha de jornalismo ou opinião, por si só, impede uma avaliação completa dos casos num primeiro momento e, muito menos, que se faça um histórico da vida pregressa de quem estamos noticiando ou comentando. há que se ter muita tranqüilidade para compreender o que digo, que não é uma justificativa, um pedido de desculpas, não, é uma análise do mundo, do meio e da, repito, necessidade sem possibilidade de retorno da velocidade da informação no mundo atual .

existem outros atores nesse teatro: estamos tratando de uma sociedade que, ao mesmo tempo que é sedenta da informação veloz, é acuada pela neurose coletiva de uma violência sem precedentes. chegamos a um ponto, que não entendemos como seguro, local nenhum, nem mesmo nossas casas trancadas à sete chaves. o que está no nosso imaginário (porque é terrivelmente real!) é que seremos assaltados ou levaremos balas perdidas ou sofreremos um ataque terrorista. se assistimos um rapaz de aparência duvidosa, roubar uma maçã, nosso instinto é de matá-lo, ali, na hora.

portanto, a notícia de um rabino famoso, com boa condição financeira, roubando qualquer coisa que seja, detona uma reação de revolta, mais, de ódio, uma necessidade de caça, de justiçamento (porque a justiça, como a polícia, também não funciona) que atropela o movimento do ator.
A história desse ator aparece muito depois (seja por correntes de solidariedade injustas - porque não adianta a comunidade judaica se mobilizar, como é seu feitio, para desculpar o que ainda é indesculpável)... ela aparece verdadeiramente seja pela divulgação de diagnósticos médicos e, finalmente, de cabeça fria, por articulistas que, através dos meios de comunicação, nos fazem refletir melhor sobre a importância da figura humana em questão.

Claro que isso não está certo, claro que estamos vivendo um mundo quase animal, que a sociedade retrocede, perdendo, por necessidade de sobrevivência, os avanços conquistados com a filosofia, a história, a arte, a religiosidade, a capacidade de avaliação humanista e todo o resto. Claro que não podemos deixar de redimir Henry Sobel, como não podemos deixar de redimir, antes, a nós mesmos, Sociedade.

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Nada encontrado. Seria ousadia demais definir o indefinível, dizer quem sou ou se sou. Deve ser uma miscelânia de idéias entrecortadas, salpicadas de perguntas sem respostas e indecisões doloridas. O que mais poderia ser?

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Sartre

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